O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, informou, nesta sexta-feira (3), durante a divulgação do Boletim Regional do BC edição de julho, que uma consulta feita a executivos de instituições financeiras apontou que as condições de crédito devem seguir um pouco restritivas no terceiro trimestre do ano, embora ligeiramente melhores do que nos últimos três meses.
Segundo Hamilton, há melhora nas condições de aprovação de crédito para grandes empresas. O diretor do BC salientou, no entanto, que a percepção do risco do cliente e as condições de liquidez do mercado determinam as condições ainda restritivas de crédito para grandes companhias. Hamilton informou que dados preliminares do setor financeiro apontam uma redução modesta das concessões de crédito para empresas em julho em relação a junho.
Para o segmento de micro e pequenas empresas as condições de crédito "continuam um pouco restritivas, afetadas pela inadimplência", disse Hamilton. "Há, porém, melhora na demanda por crédito por parte de micro e pequenas empresas. E isso ocorre em função das condições de juros e da demanda por capital de giro", afirmou.
Os executivos consultados pelo BC, contou Hamilton, também indicaram condições ligeiramente restritivas para a concessão de crédito às pessoas físicas. "Mas a demanda por crédito pelas famílias melhora em função da redução dos juros e da perspectiva de avanço das condições econômicas nos próximos meses".
Ainda em comentários para o cenário de crédito, o diretor do BC disse que "à medida que o tempo vai passando, é natural que ocorra moderação da taxa de juros nas concessões de crédito". Ele também afirmou que as perspectivas são de continuidade da redução da inadimplência ao longo do segundo semestre. (Equipe AE)
Crédito imobiliário
A demanda por crédito habitacional é moderadamente forte, de acordo com o diretor de Política Econômica do BC, e esse movimento vem sendo impulsionado pela flexibilização dos prazos de financiamentos de imóveis e pela redução dos juros, diz ele. Hamilton citou que, de acordo com os executivos ouvidos na pesquisa, as perspectivas de concessão de crédito para este trimestre são melhores do que no trimestre passado.
Quanto ao endividamento das famílias, o diretor do BC diz que um grande fator do crescimento do endividamento é o crédito imobiliário, que representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele lembra, no entanto, que no caso de quem compra um imóvel, em boa parte dos casos, os cidadãos se desvencilham da despesa de aluguel. Também, no País, acrescentou, o crédito imobiliário ainda é muito pequeno (não chega a 10% do PIB) quando se compara a outros países, onde a participação atinge 40% do PIB.
Hamilton lembrou ainda que, no caso da inadimplência, atrasos de 15 a 90 dias atingiram o ponto máximo em fevereiro e estão recuando. Em sua avaliação, o endividamento das famílias tem apresentado recuo lento. Segundo o diretor do BC, o comprometimento da renda das famílias atingiu 21,85% em maio, abaixo do pico de 22,42% em outubro. Quando se excluem as despesas com crédito habitacional, o comprometimento da renda das famílias atingiu 20,6% em maio.