Rio de Janeiro A assembléia da Varig, marcada para apresentar as quatro propostas de investidores interessados na compra da companhia, foi adiada para a próxima segunda-feira por falta de quórum. As ausências do fundo de pensão Aerus e de parte dos credores trabalhistas impediram a realização da assembléia.
Credores afirmaram que o adiamento foi resultado de uma manobra da própria administração da companhia e da consultoria Alvarez & Marsal para aperfeiçoar a proposta defendida pelo governo, de cisão da Varig em duas companhias: a Varig doméstica, que seria leiloada num prazo estimado de 60 dias, e a Varig internacional, que continuaria em recuperação judicial com as dívidas da companhia.
O Aerus informou, por meio de nota, que não compareceu devido a discussões com a administração da Varig. "O objetivo da decisão foi proporcionar mais tempo à empresa na estruturação e no detalhamento da proposta que vem sendo desenvolvida, pela qual se vislumbra a possibilidade de manutenção de um fluxo de recursos ao Aerus."
A proposta do governo conta com a simpatia da maioria dos credores, principalmente por incluir o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas existem dúvidas quanto à realização. O banco poderia antecipar uma parcela do valor pelo qual a operação doméstica da empresa será vendida em leilão.
Durante a assembléia circularam rumores de que o próprio governo teria orientado credores, principalmente as estatais, a tentar suspender a assembléia. Representantes de empresas concorrentes destacaram ter dúvidas sobre quais ativos seriam de fato leiloados na Varig doméstica. Outros credores pediram explicações sobre como seria a divisão dos vôos para o exterior que representam apenas prolongamentos de linhas domésticas. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse que o atraso na votação das propostas não vai interferir no desempenho operacional da empresa.