Rio de Janeiro Os credores da Varig aprovaram ontem a proposta negociada entre a consultoria Alvarez & Marsal e a Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que prevê dois modelos para o leilão de venda da companhia. Ambas as propostas prevêem a divisão da companhia em duas e o leilão de uma das partes. Os investidores, porém, decidirão qual parte da empresa preferem comprar.
Pelo plano da Alvarez & Marsal e da TGV, a Varig poderá ter toda a sua parte operacional vendida mas sem as dívidas, que ficariam com a atual empresa. A outra proposta dividiria a companhia em nacional e internacional. A nacional, com as rotas domésticas, seria leiloada. Já os débitos ficariam com a parte internacional.
O preço mínimo para a compra da Varig Operações (com linhas nacionais e internacionais, mas excluídas as dívidas estimadas em R$ 7 bilhões) é de US$ 860 milhões. O leilão deve acontecer em 60 dias.
Caso esse valor não seja alcançado, os interessados poderão no mesmo dia apresentar propostas de compra da Varig Regional, que engloba as rotas domésticas da companhia. O dinheiro arrecadado com o leilão poderá ser usado para pagar parte das dívidas que ficariam com a parte internacional.
A proposta apresentada pelo consultor Jayme Toscano que diz ser representante de investidores europeus e ofereceu cerca de US$ 1,9 bilhão pela companhia foi rejeitada. A VarigLog, ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig, chegou a oferecer US$ 400 milhões para ficar com a parte boa da Varig, que exclui dívidas. Entretanto, a VarigLog desistiu de participar do processo.
De acordo com informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pelo menos 27 empresas estão habilitadas a participar do leilão da Varig. Companhias estrangeiras também poderão participar de consórcios que disputarão a Varig desde que atendam o limite estabelecido por lei, de 20% de participação.
Das propostas colocadas em votação hoje em assembléia, nenhuma esclarece ainda como ficará a questão do Smiles, programa de fidelização de clientes da Varig. Lançado há dez anos, o programa tem uma carteira de cerca de 6 milhões de participantes.
Administração
As mudanças na administração da Varig vão começar muito antes do leilão de venda de parte da companhia, que deve ser realizado em no mínimo 60 dias.
Dentro de dez dias, a Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig, deverá integralizar suas ações no Fundo de Investimento e Participação (FIP), um instrumento desenhado pela companhia para atrair investidores e cuidar da administração da empresa em recuperação judicial.
No mesmo prazo, o banco Brascan assume o papel de gestor do FIP e é quem efetivamente vai mandar na companhia. Em acordo fechado com a Alvarez & Marsal, a consultoria vai indicar novos membros do conselho de administração da Varig e da diretoria da empresa. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, limitou-se a afirmar que os novos representantes do conselho serão profissionais do mercado.
O presidente disse ainda que as demissões estão descartadas até que seja definido o modelo de operação da companhia.