O mercado de trabalho brasileiro sente mais forte o impacto da crise global desde dezembro. O número de pedidos de seguro-desemprego feitos no Poupatempo da Sé, posto integrado de serviços públicos localizado no centro da capital paulista, reflete o aumento das dispensas. Só na primeira semana de janeiro, os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram 48,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram 1.409 solicitações na primeira semana de 2009 ante 949 da primeira de 2008.
Wagner Leite, diretor regional da Secretaria de Emprego e Relações de Trabalho do Estado, afirma que a unidade Sé do Poupatempo está entre as principais referências para o pedido de seguro-desemprego, mas que deve ser considerada apenas como uma amostra da realidade.
Entre os setores mais afetados está o de construção civil. Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon-SP), 1.040 trabalhadores perderam seus postos entre dezembro e janeiro no Estado.
O ajudante-geral Rafael Domiciano, 19 anos, é uma vítima direta da crise. Funcionário de uma empresa que fabricava tapetes para carros, foi demitido em 19 de dezembro, após sete meses de empresa. "Além de mim, mais quatro colegas foram dispensados", diz.
O motorista Aldemir da Silva, 52 anos, recebeu a notícia da dispensa na última sexta-feira. "Tinha seis meses de empresa. Alegaram que precisavam cortar despesas." O analista empresarial Julio Cesar Nunes, 27 anos, foi demitido de uma empresa de assistência médica no início de dezembro; com ele, foram outros 50 dispensados.