Enquanto o mundo espera a definição do novo governo grego, que deve ser anunciado nesta terça-feira (7), o fantasma de um efeito dominó assombra a zona do euro. O contágio pode acabar derrubando a terceira maior economia europeia, a Itália, elevando os riscos de uma nova recessão global. O custo de captação do governo italiano alcançou o maior patamar desde a criação do euro, o que é considerado perigoso. O retorno dos títulos com vencimento em dez anos avançou 0,3 ponto percentual, para 6,67% - os papéis de Portugal, Irlanda e Grécia estavam em torno de 7% pouco antes de pedirem socorro à União Europeia.

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Cresceram os rumores sobre a renúncia do premiê Silvio Berlusconi, negados em sua página no Facebook: "Os rumores de minha renúncia são infundados". Além disso, Portugal será submetido a mais um escrutínio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a França busca se blindar com um pacote de 18 bilhões em cortes orçamentários até 2013. Nesta terça-feira, o governo Berlusconi enfrenta votação crucial no Parlamento, quando tentará aprovar as contas de 2010, rejeitadas no mês.

As apostas sobre uma mudança no governo italiano aumentaram depois de o jornal "Il Foglio" afirmar em seu site que a renúncia do premier Silvio Berlusconi era "questão de horas". "A via de saída existe. Em vez de prolongar a agonia, Berlusconi se apresenta ao Parlamento, pede um voto de confiança para aprovar os orçamentos (que contêm as primeiras reformas exigidas por Bruxelas), anuncia que renunciará um minuto depois e pede eleições em janeiro. Isto está em discussão", afirmou o editor do jornal, Giuliano Ferrara, que já foi porta-voz do primeiro-ministro.

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Mas este, além de negar pelo Facebook que deixaria o cargo, disse ao jornal "Libero" - favorável ao governo - que, depois de obter a aprovação das contas, convocaria um voto de confiança na Câmara. "Quero ver a cara de quem tentar me trair", disse ele ao jornal. Mas ainda não há data para esse voto de confiança.

A votação desta terça é importante porque mostrará se Berlusconi ainda controla a maioria dos 630 lugares da Câmara. Desde a semana passada, três parlamentares do partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade, e mais de uma dezena estaria pronta para fazer o mesmo, afirmou ontem o jornal "La Repubblica". Até o ministro de Finanças, Giulio Tremonti, afirmou, durante a reunião de cúpula do G-20, semana passada, que o maior problema da Itália era o próprio Cavalieri.

O ministro do Interior, Roberto Maroni, membro sênior e aliado de Berlusconi na coalizão Liga do Norte, disse que "as últimas notícias me levam a pensar que a maioria já não existe e que é inútil (para Berlusconi) ser obstinado". A Liga também diz que eleições antecipadas são o único caminho se o governo cair - e uma derrota pode tornar a situação do premier insustentável.

O temor da renúncia levou o retorno sobre o título italiano de dez anos, que vence em setembro de 2021, atingir 6,67% ao ano, o maior nível desde a criação do euro e próximo ao patamar que levou Irlanda, Portugal e Grécia a jogarem a toalha e pedir ajuda financeira. Quanto maior o retorno, pior para o país. Ainda assim, está bem distante do papel grego, cujo retorno avançou ontem a 28% ao ano. Já a diferença do título italiano para o bônus alemão, referência do mercado europeu, atingiu 491 pontos centesimais. O retorno do título alemão de dez anos está em 1,80%.