O processo de inserção das mulheres no mercado de trabalho pode ter chegado ao fim, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho. A taxa de participação feminina atingiu 57% do total de ocupados em 2014, pouco mais de três pontos percentuais em relação à situação existente há 20 anos. Em 1995, estava em 54,3%. O estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da pesquisa do IBGE (Pnad), entre 2004 e 2014, mostra que depois de atingir pico de 59% em 2005, a taxa de atividade das mulheres no mercado caiu para 56% em 2011. Os afazeres domésticos são um dos principais motivos, conclui o levantamento.
“Se voltarmos a 1995, ou seja, vinte anos atrás, é possível perceber que a taxa de atividade para mulheres era de 54,3%, menos de 3 pontos percentuais em relação à taxa de 2014, o que parece indicar um limite de inserção das mulheres no mercado de trabalho”, diz o estudo, divulgado em meio às comemorações pelo Dia Internacional da Mulher.
O estudo destaca ainda que apesar da diminuição das desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, o processo ocorre de forma lenta, sem avanços para negras: em 2014, as mulheres ultrapassaram pela primeira vez o patamar de 70% da renda masculina; dez anos antes esta proporção era de 63%. No entanto, as mulheres negras ainda não alcançaram 40% da renda dos homens brancos.
“Ou seja, apesar do movimento de aproximação dos rendimentos, é preciso destacar que este se dá de forma ainda lenta e desigual entre os grupos, não alterando de fato a estrutura das desigualdades: os homens continuam ganhando mais do que as mulheres”, diz o estudo.
Enquanto a renda média dos homens era de R$1.831 em 2014, o rendimento médio das mulheres estava em R$1.288. Na base da pirâmide, as negras recebiam em média R$ 946, naquele ano.
No momento em que a equipe econômica defende com urgência a reforma da Previdência, com igualdade de regras para aposentadoria entre homens e mulheres, o estudo divulgado pelo Ministério do Trabalho, reforça a tese da dupla jornada feminina: em 2014, a jornada semanal das mulheres era de 56,7 horas, considerando os afazeres domésticos; dos homens, de 41,6 horas.
O estudo propõe a necessidade de adoção de políticas para estimular o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho e defende a manutenção da política de reajuste do salário mínimo no longo prazo. Sugere ainda cursos para mulheres no Pronatec.