Mário Lobo Filho assumiu ontem o comando dos portos paranaenses| Foto: RodrigoLeal/Divulgação

Verba influi pouco em índices de eficiência

Os baixos índices de eficiência e produtividade nos portos brasileiros (responsáveis por 90% do comércio exterior nacional) não dependem apenas da injeção de recursos financeiros, mas sim de uma gestão portuária profissional – independentemente de ela ser pública ou privada. Quando esteve em Curitiba no início de abril, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, relançou a ideia de federalizar o Porto de Paranaguá, alegando que o governo federal tem mais recurso para investimentos e obras. Já o professor de logística Peter Wanke, do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é incisivo em afirmar que os problemas de eficiência em um porto não são corrigidos apenas com maior repasse de verba. "É claro que se despejar um caminhão de dinheiro no porto ele pode ter ganhos expressivos. Mas não vai adiantar se a gestão deixar de atacar os problemas que afetam diretamente a eficiência", diz.

O novo superintendente da Appa, Mário Lobo Filho, cujo pai já havia exercido a mesma função entre 1991 e 1994, raciocina de modo parecido. "Se a administração federal fosse garantia de qualidade, o algodão produzido no sul da Bahia não seria escoado por Paranaguá por tantos anos, e o porto de Sepetiba [em Itaguaí, no Rio de Janeiro] não estaria hoje patinando nas finanças", diz. "Uma coisa que precisa ser dita em defesa dos portos do Sul é que, na gestão centralizada da antiga [Empresa de Portos do Brasil S.A.] Portobrás, durante muitos anos eles foram obrigados a praticar sobretarifas para financiar obras de portos no Nordeste".

O presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABPT), Wilen Manteli, prefere nem pensar em um controle portuário a partir de Brasília. "Gostaria de acreditar que o ministro não falou isso mesmo, ou que houve um mal entendido. Há anos nós estamos perseguindo uma mudança na gestão dos portos, mas para o lado da descentralização", diz.

O ex-diretor comercial da Appa Lourenço Fregonese, que atuou na gestão do ex-governador Jaime Lerner, diz que a gestão estadual nos portos permite a tomada de caminhos menos burocráticos e mais rápidos; mas ressaltou que o uso dos repasses federais no setor depende de harmonia entre as esferas federal e estadual. "Na verdade eu consigo entender a posição do Paulo Bernardo nesse caso, porque se devolver o controle de Paranaguá para a União, eles vão poder administrar o filé mignon da economia paranaense", diz.

Pesquisa

Wanke chefiou um estudo na Coppead com 25 terminais de nove portos brasileiros que buscou entender os principais fatores-chave de competitividade e separou-os em um ranking. Os principais quesitos foram o tipo de carga, a existência de acesso ferroviário e o tipo de controle do terminal, estatal ou privado. Segundo o levantamento, os terminais de controle privado tendem a apresentar um nível de eficiência seis pontos porcentuais acima dos terminais sob controle público. (AL)

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