A geração de empregos formais no Paraná teve uma desaceleração de 5,99% de janeiro a agosto deste ano, na comparação com igual período de 2005. Embora o saldo entre contratações e demissões seja positivo, os números do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que a criação de vagas com carteira assinada ensaiou uma recuperação, mas ainda vem crescendo em ritmo modesto no estado. Nos oito primeiros meses do ano passado, a geração de empregos já havia sido 41% menor do que em 2004.
"As quedas são conseqüência do desaquecimento da economia, após uma política de elevação das taxas de juros", explica o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese). O Paraná, segundo ele, sofreu mais nos últimos anos por causa da crise na agricultura e também da desvalorização do dólar, que prejudicou as exportações. "Tanto que a queda de geração de empregos está muito ligada ao interior do estado, à agricultura e à agroindústria", afirma Silva.
Para entender esta influência, explica o economista, é necessário analisar os números de geração de empregos nos últimos 12 meses isso elimina as distorções sazonais, já que as contratações aumentam no interior no primeiro semestre, e, na capital e região metropolitana, no segundo.
De setembro do ano passado até agosto deste ano, o Paraná criou 67.010 vagas 22,9% a menos do que nos 12 meses compreendidos entre setembro de 2004 até agosto do ano passado. A diminuição na geração ocorreu principalmente no interior (34,6%), mas também foi registrada na Região Metropolitana de Curitiba (-6,7%). "Os números estão se invertendo. Era comum o crescimento do emprego estar vinculado ao interior. Mas a partir de 2004 você tem um cenário de geração maior de emprego nos centros urbanos."
Ainda considerando-se os últimos 12 meses até agosto, o Paraná aparece em 20.º lugar na criação de vagas entre os 27 estados brasileiros. Quando o período avaliado vai de janeiro a agosto deste ano, o estado sobe para a 8.ª posição. "Mas se pegarmos o acumulado deste ano, o bom desempenho se deve ao peso da agricultura, que contrata mais no primeiro semestre por causa da safra. Mas esse é um dado distorcido", afirma.
No ano, os vilões do desemprego no estado foram os segmentos de madeira e mobiliário e a agricultura, que atravessam crise nas exportações devido ao baixo câmbio. O conselheiro do sindicato das empresas de móveis, Ronaldo Duschenes, acredita ainda que as próximas negociações salariais, que devem ocorrer em maio, resultem em reajustes menores, devido à perda de vagas. São mil postos a menos de janeiro a agosto. A esperança de retomada para o setor, segundo ele, seria o dólar alcançar R$ 2,60. "Outra possibilidade é o preço do aço, que está caindo, equilibrar o custo de produção para a indústria", diz.