Criador do PlayStation deixará cargo na Sony

O arquiteto do PlayStation, Ken Kutaragi, deixará seu cargo na Sony em 19 de junho, enquanto a companhia japonesa luta por reafirmar sua liderança no mercado de consoles de videogame.

Conhecido como "o pai do PlayStation", Kutaragi, 56, exerceu papel crucial na invenção do console de videogames da Sony, em 1994, e na do PlayStation 2, em 2000. Conhecido como ovelha negra na empresa, ele contrariou o consenso e fez dos videogames uma das maiores fontes de renda do grupo, mas recentemente vinha perdendo prestígio.

A Sony vendeu mais de 200 milhões de unidades de seus consoles em todo o mundo, embora o PlayStation 3 tenha apresentado desempenho inferior ao esperado diante Xbox 360, da Microsfot, e do Wii, da Nitendo Co. Ltd, desde que foi lançado, no ano passado, para disputar a liderança no mercado mundial de videogames, que movimenta 30 bilhões de dólares anuais.

A Nintendo, que iniciou em posição de inferioridade a disputa tripla pela liderança do mercado, na quinta-feira assombrou os investidores ao anunciar um lucro operacional trimestral oito vezes maior, e previu crescimento mais alto do que o inicialmente esperado para o ano.

Kutaragi deixará o posto de presidente-executivo da Sony Computer Entertainment, ou SCE, e se tornará presidente honorário do grupo. Também servirá como consultor sênior de tecnologia para a Sony, anunciou a empresa na quinta-feira.

Kazuo Hirai, atual presidente e vice-presidente de operações da divisão, será promovido ao posto de presidente-executivo, encarregado do PlayStation.

Os analistas dizem que Hirai terá um grande desafio a superar. "Kutaragi é uma lenda no mundo dos videogames. Ele derrotou concorrentes bem postados, que estavam no mercado há anos, como Nintendo e Sega", disse Michael Gartenberg, analista da Jupiter Research. "Ele dominou duas gerações de ciclos de consoles, algo inédito no setor."

"Hirai agora estará na berlinda, e caberá a ele garantir o sucesso do PS3," disse Gartenberg.

A saída de Kutaragi é vista como o fim de uma era para a Sony, conglomerado de eletrônica e entretenimento que teve grande sucesso no passado mas já perdeu a liderança que um dia deteve em outros segmentos, como o dos players portáteis de música.