O Facebook anunciou para o próximo ano o lançamento da sua própria moeda digital, a Libra. Com base em tecnologia blockchain, a criptomoeda vai permitir transações dentro das diversas plataformas da empresa, que contam hoje com 2,7 bilhões de usuários. A partir de uma carteira digital será possível realizar pagamentos e enviar remessas para contatos do WhatsApp e Facebook Messenger. A moeda digital contará ainda com aplicativos próprios nos sistemas operacionais Android e IOS.
Para garantir a implementação do projeto, o Facebook criou a Libra Association, fundação que será responsável por promover a iniciativa, administrar o tesouro da moeda digital e criar suas especificações técnicas. Com sede na cidade de Genebra, na Suíça, a associação é autônoma e conta - até o momento - com outros 27 membros fundadores. Integram essa relação de associados nomes de peso do mercado financeiro (Visa, Mastercard e PayPal), grandes players de tecnologia (Uber, Lyft, Spotify e eBay) e fundos do Vale do Silício (Ribbit Capital e Thrive Capital); todos terão tantos poderes quanto a rede social.
Cada um dos fundadores entrou com cota mínima de US$ 10 milhões, mas a meta da associação é atingir 100 integrantes, chegando a reservas de US$ 1 bilhão até a estreia, conforme afirmou ao Estadão o líder da área de blockchain do Facebook, David Marcus, um dos principais líderes do projeto. “Queremos uma moeda global e uma estrutura financeira que permita a milhões de pessoas ter acesso à economia do mundo”, afirmou Marcus, que já foi presidente do PayPal e supervisionou o Facebook Messenger.
Os valores investidos pelos fundadores serão injetados no desenvolvimento da tecnologia e destinados a compor as reservas da Libra, de modo a viabilizar sua operação e evitar volatilidade de cotação (que ainda não é conhecida).
Fintech
Os fabricantes da subsidiária Calibra afirmam que o objetivo da criação da criptomoeda é promover inclusão, fornecendo serviços financeiros a bilhões de pessoas de todo o mundo que atualmente não têm acesso a serviços bancários. Grande parte desse público são mulheres de países em desenvolvimento.
Inicialmente, o Facebook diz que seu objetivo inicial não é realizar lucro com a moeda digital, mas aumentar os anúncios na rede social a partir do incentivo aos pequenos negócios. Apesar disso, oferta de serviços financeiros está nos planos futuros, colocando a companhia de Mark Zuckerberg na posição de fintech.
Em comunicado divulgado à imprensa, a Calibra fala que "com o tempo, esperamos oferecer serviços adicionais para pessoas e empresas, como o pagamento de contas ao toque de um botão, a compra de uma xícara de café com a digitalização de um código ou o transporte público local sem a necessidade de dinheiro ou um passe de metrô". Segundo Kevin Weil, vice-presidente de produto da subsidiária, há previsão também do oferecimento de serviços de crédito.
Operação
Para operar as transações de sua moeda digital, o Facebook criou uma subsidiária, a Calibra, que fornecerá a carteira digital para as movimentações financeiras. Muitos detalhes ainda estão em definição, mas a expectativa é de que o usuário crie uma conta fornecendo algum documento pessoal e, a partir disso, possa comprar libras.
Com a carteira digital abastecida, será possível fazer transferências de modo simples e instantâneo, comparável ao envio de uma mensagem. Com a Libra, o usuário poderá pagar por serviços de parceiros (como uma viagem feita de Uber) ou se utilizar das plataformas de comunicação do Facebook para enviar dinheiro aos seus contatos. Quem receber valores poderá usá-los como libra ou convertê-los para moeda local.
Com reputação ruim quanto à garantia de privacidade dos seus usuários, o Facebook promete que não haverá trocar de dados entre a rede social e a operação financeira. A companhia afirma ainda que trabalha diretamente com reguladores, legisladores e demais autoridades em diversos países para evitar problemas regulatórios quando da entrada da moeda digital no mercado.