Turistas brasileiros parecem ter sido um dos primeiros a sentir os efeitos da crise internacional. Segundo o Banco Central (BC), as despesas dos viajantes ao exterior caíram quase pela metade, de US$ 1,124 bilhão em setembro para US$ 599 milhões no dado preliminar de outubro até ontem. Essa forte queda do gasto de brasileiros no exterior se reflete na melhora da chamada "conta turismo", resultado da receita obtida com estrangeiros no país e brasileiros no exterior.
Em setembro, a conta turismo teve déficit de US$ 656 milhões. Esse resultado caiu expressivamente no levantamento preliminar de outubro, para US$ 242 milhões. "Acredito que o efeito da crise será ainda mais evidente em novembro. Temos uma tendência mais clara de desaceleração dos gastos no exterior. Com o dólar alto, pouca gente viaja", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
No outro lado, as receitas obtidas com turistas estrangeiros que visitam o país caíram, mas em ritmo menor. Em setembro, a receita desses investidores somou US$ 468 milhões. Em outubro, o dado preliminar mostra soma US$ 357 milhões. "Na receita, a crise externa faz com que, a despeito do câmbio mais favorável para o estrangeiro no Brasil, o turista viaje menos", disse Lopes.
Investimentos
O fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil somou US$ 6,3 bilhões no mês passado, o segundo maior registrado pela série estatística do BC, que tem início em 1947. Entre janeiro e setembro, os investimentos somam US$ 30,8 bilhões, crescimento de 10% na comparação com o mesmo período de 2007. Os números incluem a compra de empresas brasileiras por estrangeiros e o investimento externo feito na ampliação das operações dessas multinacionais no país.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, o resultado do mês passado ficou acima do esperado, e sua estimativa para o fluxo total esperado para este ano é de US$ 37 bilhões, resultado que, se confirmado, superará o recorde de US$ 34,6 bilhões alcançado no ano passado. Ele ressalta, porém, que esses números poderiam chegar a US$ 40 bilhões não fosse a crise.