Três vencedores do Prêmio Nobel de Economia acreditam no risco de a crise financeira mundial piorar no curto prazo. Joseph Stiglitz, Robert Mundell e Edward Prescott - reunidos hoje em seminário na capital paulista - ponderam, com diferentes nuances que boa parte do fim da recessão global depende dos acertos da política econômica adotada pelo governo do presidente norte-americano Barack Obama. "A crise está no fim do começo e não no começo do fim", afirmou Stiglitz, referindo-se a alguns fatores que mostram que a economia dos Estados Unidos está longe de apresentar uma recuperação robusta.
Para ele, um dos problemas é que a taxa de desemprego é bem elevada (8,9%) nos EUA. Mas, se fosse avaliada com metodologia mais ampla, ficaria próxima a 16%, segundo ele. "Há um problema de estoques elevados das empresas que, apesar de terem diminuído de tamanho recentemente, ainda são uma dificuldade grande (para o aumento das atividades das indústrias)." O acadêmico destacou que há dois problemas adicionais, como o fraco desempenho do setor da construção civil e a reestruturação ainda incipiente do sistema financeiro.
Para Robert Mundell, as medidas adotadas pelo governo norte-americano, especialmente gastos fiscais para projetos de infraestrutura, não devem propiciar soluções no curto prazo, o que é ruim, segundo ele, para uma economia bem debilitada. "O melhor seria reduzir os impostos sobre lucros das empresas, pois assim ficariam estimuladas a retomar seus investimentos e aumentar o ritmo de produção. Mas nada, infelizmente, foi feito nessa direção. Por isso, estou um pouco cético.
Edward Prescott também defende a redução de impostos, mas enfatiza que tal benefício deve recair especialmente sobre os cidadãos. "Há uma crise de demanda, que precisa subir, embora não acredite que haja riscos de ocorrer depressão. Tributos menores certamente vão auxiliar as famílias a consumir mais, o que é essencial para a retomada dos investimentos nas empresas.
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