
O capitalismo está em xeque dentro de seu próprio berço. O Fórum Econômico Mundial, que começa hoje em Davos (Suíça), se propõe a rediscutir as bases do sistema econômico, já que os abalos da crise financeira global ainda ecoam. A Europa se impõe como o maior risco do momento e projeta sombra perigosa sobre a economia mundial.
Com o tema "A grande transformação: desenhando novos modelos", o evento deste ano quer debater caminhos diferentes para o crescimento, emprego, inovação e sustentabilidade. Trata-se de um reconhecimento do próprio criador do Fórum, Klaus Schwab, de que o mundo passa por mudanças significativas e o sistema precisa se adequar à nova realidade.
Os países desenvolvidos encontram-se na intrincada encruzilhada de buscar recuperar o crescimento e, ao mesmo tempo, colocar as finanças públicas em ordem. O desafio é especialmente dramático para a zona do euro, onde os cortes de gastos públicos devem resultar em um novo mergulho recessivo neste ano.
O evento em Davos começa em meio ao otimismo cauteloso que passou a prevalecer nos mercados neste início de ano. Embora exista desconfiança em relação à Grécia, prevalece a percepção de que a economia mundial escapará de nova recessão. Afinal, os Estados Unidos estão conseguindo fugir dos piores prognósticos e, mesmo sem grande impulso, tendem a continuar crescendo em 2012. Os emergentes, em especial a China, seguem avançando, apesar da desaceleração recente.
Para os próximos meses, as expectativas recaem sobre o reforço do Fundo Monetário Internacional (FMI), que precisa de mais US$ 500 bilhões para enfrentar as dificuldades impostas pela Europa. No velho continente, será fundamental o papel do Banco Central Europeu para dar liquidez aos mercados a atuação recente do BCE, aliás, é apontada como responsável pela melhora do apetite pelo risco neste início de ano. Todos esses temas devem permear os debates em Davos.
O governo brasileiro chega com presença bastante apagada neste ano, embora o país seja o anfitrião do baile de encerramento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não foram. A delegação brasileira será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota; pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Da área corporativa, estarão os presidentes da Petrobras, Sérgio Gabrielli; da Embraer, Frederico Curado; da Braskem, Carlos Fadigas; e do Itaú, Roberto Setubal.