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Mercado financeiro

Crise bancária nos EUA provoca dia de pânico nos mercados globais

O agravamento da crise bancária nos Estados Unidos gera um dia extremamente negativo no mercado financeiro mundial, com quedas generalizadas de preços de ativos financeiros e o aumento do risco de uma recessão da economia global. A concordata do banco Lehman Brothers - o quarto maior banco americano - seguido de uma venda emergencial do Merryl Lynch - para evitar sua quebra - e sérios problemas enfrentados pela seguradora AIG provocam um clima de pânico e levam os preços das ações a despencarem em todo o mundo, em meio a bilionárias operações de socorro feitas pelo Fed, o banco central americano, e o Banco Central Europeu.

Na abertura, a Bolsa de Valores de São Paulo chegou a cair mais de 6%. Por volta das 14h30, o Ibovespa recuava 4,49% aos 50042 pontos. As maiores baixas eram registradas pelos papéis BM&F(-7,78%), Gafisa ( -6,71%) e Cyrela (-6,31%). As ações das Petrobras PN despencavam 6,27% cotadas a R$ 30,92 e os papéis da Vale PN caíam 4,61% a R$ 35,58. O dólar operava em alta de 1,40%, cotado a R$ 1,807 e o risco-país disparava 11,70% aos 296 pontos.

As bolsas americanas começaram o pregão com fortes baixas. Por volta das 14h30, o Dow Jones, principal indicador da Bolsa de Nova York caía 2,34% aos 11.154,40 pontos e o Nasdaq, das ações de tecnologia caía 1,52% aos 2.227,30 pontos. O S&P500 perdia 2,16% aos 1.224,84 pontos.

Para piorar o cenário, os executivos da seguradora AIG (American International Group) e funcionários do setor de regulamentação da bolsa americana passaram o fim de semana tentando encontrar uma maneira para melhorar a liquidez da empresa . Maior seguradora do mundo, a AIG já perdeu US$ 18 bilhões nos últimos três trimestres em garantias de títulos no mercado de derivativos de financiamentos imobiliários, foi diretamente atingida na sexta-feira, quando a Standard & Poor's deu indicação de que poderia rebaixar o ranking da empresa. As ações da empresa estão em queda de 52% na Bolsa de Nova York. Operando em torno de US$ 5,80, as ações eram negociadas a US$ 12,14 na sexta-feira.

De surpresa, o Federal Reserve (Fed) o banco central americano, realizou uma operação de recompra de títulos e injetou mais US$ 50 bilhões no sistema bancário. Os títulos foram vendidos por meio de uma operação de recompra de um dia e o vencimento ocorrerá amanhã. No mercado, alguns analistas acreditam que Fed possa fazer ainda hoje uma reunião extraordinária para reduzir a taxa básica de juros do país. O governo americano se recusou a socorrer o Lehman, diferente do que já tinha feito com outras empresas afetadas pela crise do mercado imobiliário.

Numa tentativa de acalmar os ânimos do mercado, o presidente George W. Bush, disse que o governo está trabalhando para reduzir o impacto da quebra do Lehman Brothers sobre os mercados financeiros e afirmou estar confiante na resistência dos mercados de capitais.

- Estamos trabalhando para reduzir os transtornos e minimizar o impacto destes acontecimentos sobre o conjunto da economia - acrescentou.

A cotação do petróleo também despencou, com os investidores temendo uma queda da demanda pelo combustível em função da desaceleração da economia americana e mundial. Em Nova York, o barril tipo light era negociado a US$ 96,95, em baixa de 4,18%. Em Londres, o barril tipo Brent era cotado a US$ 92,55, com perda de 5,15%.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o acirramento a crise financeira norte-americana não vai afetar tanto o Brasil, que não é o mesmo país de anos atrás. . O temor é uma crise sistêmica, com fuga de captais do país e disparada do dólar e queda nas exportações do Brasil, com desaquecimento da economia americana e chinesa.

- O Brasil já estaria de quatro em outra situação, estaria de joelhos. Aquela correria que havia no passado não há mais - ressaltou.

A venda do Lehman Brothers, 4º maior banco de investimentos dos EUA, foi descartada de vez depois que o Bank of America, cotado para arrematar o Lehman, anunciou na noite de domingo a compra de um outro banco de investimentos, o Merril Lynch . O negócio foi estimado em US$ 44 bilhões. O comunicado divulgado pelo Bank of America nas primeiras horas desta segunda-feira diz que a transação bilionária cria a maior empresa de serviços financeiros do mundo. Com o pedido de concordata do Lehman Brothers, cerca de 20 mil funcionários serão demitidos em todo mundo.

O Lehman indicou em um comunicado que apresentará a documentação necessária para se declarar em concordata diante do tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York.

A crise do banco já foi incorporada pela campanha presidencial americana. Barack Obama disse que a crise é legado de Bush e Mccain já usou o Lehman em sua nova propaganda política.

No fim da noite de domingo, o Banco Central americano se adiantou à notícia e divulgou um pacote para expandir os empréstimos para o setor bancário em um esforço para tentar acalmar os mercados . Entre as medidas está a ampliação de US$ 175 bilhões para US$ 200 bilhões nas linhas especiais de créditos destinadas a bancos em dificuldade. Além disso, um grupo de dez bancos montou um fundo de apoio de US$ 70 bilhões.

A quebra do Lehman Brothers é a mais importante nos EUA desde 1990, quando o Drexler Burnham Lambert apresentou a mesma declaração. O Lehman Brothers, que operava há 158 anos, se transforma no terceiro banco de investimento que desaparece ou muda de mãos em seis meses nos EUA, depois que em março o Bear Stearns obrigou a intervenção do Departamento do Tesouro, e da compra do Merril Lynch pelo Bank of America.Bolsas da Europa e Ásia fecham em baixa

As ações européias caíram nesta segunda-feira para seu menor fechamento em dois meses, com os papéis de financeiras pesando fortemente após o banco de investimento norte-americano Lehman Brothers ter pedido proteção contra falência. Para garantir liquidez, os bancos centrais europeus injetaram recursos no mercado.

A Bolsa de Londres fechou em baixa de 3,92%, na França a queda foi de 3,78% e na Alemanha a perda foi de 2,74%. A proporção de ações em queda em relação às que tiveram alta foi de 10 para 1, segundo dados da Reuters.

"Com a crise financeira tendo atingido um novo pico, a incerteza entre os investidores aumentou fortemente", informou em nota o Landesbank Berlin, acrescentando que não há uma perspectiva para o fim da volatilidade no mercado de ações.

As bolsas da Ásia refletiram clima de pessimismo vindo dos Estados Unidos. O impacto só não foi maior porque quatro das principais bolsas permaneceram fechadas por ser feriado: Tóquio, Hong Kong, Xangai e Seul. As maiores quedas foram registradas nas bolsas de Jacarta (4,7%), Manila (4,16%) e Taiwan (4,09%). Em Cingapura, o pregão fechou em baixa de 3,27%. A Bolsa de Bangcoc recuou 2,13%.

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