Desde o início do ano, não param de surgir fatos que comprometem a imagem da Uber, principal aplicativo de transporte privado do mundo. A empresa, que já foi acusada de plágio e que vive um período de êxodo de executivos, agora enfrenta problemas com seus carros autônomos e é acusada novamente de compactuar com casos de assédio e discriminação no trabalho.
A maré de azar da Uber começou em fevereiro deste ano quando a Justiça brasileira reconheceu vínculo empregatício de um motorista com a plataforma. Depois, foi a vez da Justiça britânica exigir dos motoristas do aplicativo o mesmo teste que é aplicado aos taxistas de Londres. A empresa responde, ainda, a uma acusação de plágio movida pelo Google. A companhia acusa a Uber de copiar sua tecnologia de navegação usada em carros autônomos.
Além dos problemas externos, a Uber enfrenta uma crise interna. O seu CEO, Travis Kalanick, chegou a discutir com um motorista da plataforma e é acusado de compactuar com casos de assédio no trabalho, muito de cunho sexual. O relato mais recente é o de uma gerente de marketing da companhia.
Tudo isso aconteceu em paralelo ao pedido de demissão do presidente da Uber, Jeff Jones, sete meses após ele ter assumido o segundo cargo mais importante no aplicativo de transporte. Apesar de não ter deixado claro os reais motivos que o levaram a pedir demissão, Jones afirmou que “as crenças e abordagens de liderança que guiaram minha carreira são inconsistentes com o que eu vi e com minhas experiências na Uber”.
Veja os mais três recentes fatos que colocam em xeque o futuro da Uber.
Carros autônomos
A Uber suspendeu por um fim de semana o seu programa de teste de veículos autônomos após um dos seus carros sem motorista bater em uma estrada no Arizona, nos Estados Unidos. A empresa ainda não sabe o que causou o acidente, mas voltou a fazer os testes na última segunda-feira (27).
O acidente aconteceu na sexta-feira (24). Um carro da Uber no piloto automático ia fazer uma curva quando outro veículo, com motorista, o atingiu em cheio. Ainda não está claro, segundo o Departamento de Polícia de Tempe, de quem foi a culpa, mas tudo indica que a batida foi causada pelo carro convencional.
Com a batida, o carro da Uber chegou a capotar. Havia duas pessoas dentro dele, para monitorar o desempenho do veículo durante o teste, mas elas não ficaram feridas. Elas também não tiveram tempo hábil para tentar evitar o acidente.
Esse foi o segundo acidente com um veículo autônomo da Uber. Em 2016, um carro autônomo da empresa bateu em um ônibus escolar, no estado da Califórnia, também nos Estados Unidos.
Assédio
O site The Information divulgou uma matéria em que relata um caso de assédio sofrido por uma executiva da Uber, em Seul, capital da Coreia do Sul. Segundo relato de Gabi Holzwarth, ex-namorada de Travis Kalanick, cofundador e CEO da companhia, quatro executivos da Uber levaram ela e a gerente de marketing da empresa a uma casa de prostituição na cidade coreana.
Ainda segundo Holzwarth, em relato ao The Information, ela e Kalanick saíram uma hora após terem entrado no bar. Um pouco antes, e visivelmente incomodada, a gerente de marketing também deixou o local.
A gerente, que não quis ser identificada, chegou a reclamar para o departamento de recursos humanos da Uber sobre a situação a qual ela foi exposta. Ela afirmou que o episódio a fez se sentir horrível. Mas, segundo relatos, nada foi feito.
A matéria afirma, ainda, que o vice-presidente sênior de negócios da Uber, Emil Michael, pediu para a gerente de marketing não dar nenhuma entrevista sobre o assunto.
Dados demográficos
O departamento de recursos humanos da Uber, por muito tempo, escondeu dados demográficos sobre os funcionários da empresa. A prática era compactuada por Travis Kalanick, cofundador e CEO da companhia.
Segundo a Bloomberg, pelo menos uma meia dúzia de recrutadores do aplicativo envolvidos em iniciativas de diversidade deixaram a empresa nos últimos 18 meses por terem dificuldades para trabalhar. Eles não tinham acesso a dados precisos sobre quantas mulheres e pessoas de cor trabalham na empresa. Seria uma espécie de boicote interno ao departamento de diversidade, que só exista e funcionava para quem olhava de fora.
Ex-funcionários da empresa também afirmaram que muitas das regras de contratação que estavam de acordo com políticas de diversidade eram quebradas em prol de se criar um ambiente homogêneo. Para eles, a discriminação a mulheres e a pessoas de cor não era controlada pelos executivos da empresa.
Diante das acusações, Liane Hornsey, vice-presidente sênior de RH da Uber, disse em uma teleconferência que está trabalhando para acabar com os problemas culturais de Uber, incluindo na seleção e recrutamento de novos funcionários.
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