As passagens aéreas baratas com que os brasileiros se acostumaram nos últimos dez anos serão mais difíceis de encontrar. A crise financeira que assola as duas principais empresas do setor, a Gol e a TAM, é repassada aos poucos ao bolso dos viajantes. Em alguns trechos, como o Curitiba-Salvador, os preços praticamente dobraram do início do ano para cá.

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Entre os fatores que explicam o aumento do preço do bilhete, o mais expressivo é o câmbio. O dólar comercial subiu 10% neste ano, aumentando as despesas das empresas aéreas, principalmente com combustível.

Na tentativa de estancar os prejuízos, as companhias demitiram funcionários e diminuíram o número de voos. Em 2010, a malha cobria 137 destinos domésticos. Em 2011, caiu para 132. No ano passado foram 122. A TAM, responsável por 40% do mercado, afirma que a oferta foi reduzida em 12% nos últimos dois anos. A Gol, responsável por 36,7%, baixou sua oferta em 9%.

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Competição

Nesta semana, 14 secretários estaduais de turismo solicitaram à Secretaria de Aviação Civil a "abertura dos céus do país" para empresas estrangeiras, o que aumentaria a competitividade. "O nosso alerta é principalmente em defesa dos passageiros, os nossos turistas, que estão cada vez mais afastados da possibilidade de uma viagem doméstica pelo valor proibitivo dos bilhetes aéreos", diz a carta.

Turbulência

O mercado brasileiro de aviação quase triplicou nos últimos dez anos, saltando de 30 milhões de passageiros em 2002 para 100 milhões em 2012. Na mesma década, o preço médio da passagem aérea nacional caiu mais de 40%, de acordo com a Anac.

No entanto, o dólar, as taxas aeroportuárias e os impostos impuseram perdas bilionárias (R$ 2,7 bilhões) para as duas maiores companhias em 2012.

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Para não pôr tudo a per­­­der, Respício Espi­ri­to Santo Jr., professor do De­partamento de En­ge­nharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, defende a reformulação do preço do combustível no Brasil. "A formula atual considera 100% do querosene de aviação importado. Mas na realidade, apenas 25%, 30% vêm de fora", diz.

Na opinião do professor, os preços também cairiam se os aeroportos e o controle de tráfego fossem mais eficientes. Procuradas pela reportagem, a TAM, a Gol e a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República não comentaram o assunto.