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Montadoras

Crise é mais forte para o comércio de carros usados

Estoque cheio: comércio de carros usados recuou pelo menos 30% em dois meses. | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Estoque cheio: comércio de carros usados recuou pelo menos 30% em dois meses. (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

A retração sofrida pelo mercado de automóveis usados pode forçar algumas das 2 mil revendedoras da Grande Curitiba a fechar as portas. Embora alguns empresários afirmem que as vendas tenham melhorado nos últimos 15 dias, há comerciantes que relatam situações bastante delicadas.

A queda nas vendas, de pelo menos 30% em dois meses, é bem mais forte que a sofrida pelo mercado de carros novos, uma vez que a subida dos juros foi mais forte para os usados. Os seminovos também não contam com promoções bancadas por montadoras nem com os R$ 4 bilhões liberados pelo governo federal para o setor automotivo. Além disso, com estoques cheios, muitas concessionárias de carros novos passaram a recusar automóveis usados como entrada.

Wanderlei Ferreira, proprietário da Wandeco Automóveis, diz jamais ter enfrentado um período tão difícil em 35 anos de mercado. Segundo ele, a revendedora está com 35 carros no pátio e há vários dias não vende sequer um veículo. "O juro do banco subiu de 1,2% ao mês para até 2,7%. Meus funcionários estarão em férias coletivas a partir do dia 19 e, em janeiro, vou avaliar a situação. Se perceber que não terei lucro, vou ter que fechar, e reabro a loja quando o mercado melhorar. É algo que posso fazer, pois sou dono do terreno", diz Ferreira.

O proprietário da Auto América Veículos, Rubens Cancela da Cruz, conta que, embora o preço dos usados tenha caído até 20% nos últimos dois meses, o cliente perde o entusiasmo quando vê a tabela de juros. "Chegamos a trabalhar com taxa de 1,3% e, agora, ela está em 2,11% ao mês. Vendíamos de 20 a 25 veículos por mês e, em outubro e novembro, vendemos cinco", diz. "Alguns colegas que têm duas ou três lojas pensam em ficar apenas com uma, ou então demitir funcionários."

Para César Lançoni Santos, dono da Cabral Automóveis e diretor da câmara setorial de automóveis do Sincopeças (que reúne varejistas de veículos usados e peças de reposição), a situação do mercado já não é tão ruim. Segundo ele, nos últimos dez dias os bancos voltaram a liberar crédito normalmente, e a taxa de juros recuou para 1,8% ao mês, patamar próximo ao visto em dezembro de 2007.

"Os preços caíram de 10% a 20% porque os seminovos estavam supervalorizados. Mas não devem cair muito mais, porque na balança dos usados entram oferta, procura e necessidade", explica Santos. "Como caíram as vendas de novos, não entram tantos usados no mercado, o que evita o excesso de oferta. A procura continua normal, pois as pessoas não deixaram de precisar de carros. E, como o carro é um bem necessário, quem já tem um usado não vai simplesmente vendê-lo pela metade do preço. Isso impede uma queda maior do preço."

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