Quem procura um trabalho temporário neste fim de ano deve enfrentar dificuldades por causa do cenário desfavorável da economia brasileira. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio) revela que 72,7% dos comerciantes paranaenses não pretendem reforçar o quadro de pessoal no último trimestre do ano, época em que tradicionalmente ocorre a contratação de mão de obra para o Natal.
Pela primeira vez desde 2009, a expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para demanda sazonal por emprego aponta para uma retração: -2,3% em relação a 2014. “A indústria deveria ter iniciado a contratação de temporários no fim de agosto até setembro, mas nada aconteceu. Agora o comércio irá repetir o que ocorreu com a indústria”, afirma Marcos Abreu, presidente da Employer e diretor jurídico da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem).
A tendência de retração de vagas temporárias no fim de ano será liderada pelo ramo de móveis e eletrodomésticos (-10,5%), seguido por livrarias e papelarias (-5,0%) e vestuário e acessórios (- 4,9%). Ainda assim, lojas de roupas, supermercados e comércios de artigos de uso pessoal e doméstico devem responder por oito em cada dez trabalhadores temporários contratados para o Natal, segundo a CNC.
A Via Varejo, que reúne as redes Casas Bahia e Ponto Frio, informou que está dimensionada para atender a demanda de fim de ano. Segundo o comunicado, a empresa não avalia ser necessária a contratação de temporários neste momento. Ao todo, as duas redes somam pouco mais de 1.000 lojas em todo o Brasil e empregam cerca de 61 mil trabalhadores.
Há dois meses a procura de um trabalho temporário, Jackeline Johnson, de 28 anos, diz que as vagas em Curitiba estão mais escassas e que sentiu a concorrência aumentar. “As vagas que estão sendo ofertadas dão prioridade a pessoas com mais experiência ou mais estudo. Estou atrás do que aparecer porque não dá para ficar sem dinheiro e trabalho no fim do ano”, conta ela, que tem ensino médio completo. Antes, Jackeline trabalhava como recepcionista e auxiliar financeiro em uma empresa de comércio exterior que faliu.
A indústria deveria ter iniciado a contratação de temporários no fim de agosto até setembro, mas nada aconteceu. Agora o comércio irá repetir o que ocorreu com a indústria.
Além das conhecidas vagas no comércio, outros segmentos empresariais também são opções na hora de buscar trabalho temporário nesta época do ano. A paranaense JRD Logística de Marketing, especializada em logística de marketing promocional, por exemplo, pretende expandir seu quadro de pessoal em 12% ao contratar seis pessoas agora no mês de outubro, com contrato de 90 dias.
“Final de ano é quando temos a maior demanda no setor por conta das campanhas de natal e o início das de verão. Este ano está realmente mais complicado, mas buscamos nos diferenciar criando novos serviços. Graças ao aumento de 10% na demanda de serviços conseguimos contratar esses trabalhadores temporários”, afirma Daniel Paschoal, diretor administrativo da companhia.