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O efeito da redução na conta de luz em 2012 durou pouco | Brunno Covello/Gazeta do Povo
O efeito da redução na conta de luz em 2012 durou pouco| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Impacto

Reajuste será em cima de tarifas mais baratas, lembra Aneel

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, explica que a redução das tarifas de energia praticada em janeiro do ano passado provocou uma mudança estrutural, ou seja, foi reduzida a tarifa em um só movimento tarifário. "Os processos tarifários subsequentes, que ocorrem normalmente todos os anos, são aplicados em cima de uma base menor anunciada em 2013. Os reajustes tarifários vão ocorrer normalmente, pois estão previstos em contrato de concessão." Mesmo assim, o peso sobre a inflação é grande. E o pior é a incerteza sobre o tamanho total dos reajustes, diz a economista Priscilla Burity, do Banco Brasil Plural. "A energia tem um peso importante no IPCA, deve passar a pesar ainda mais e ninguém sabe o que vai acontecer com os preços. Fica todo mundo na expectativa dos aumentos e fica mais difícil para o Banco Central trazer a inflação para meta, até porque a inflação se alimenta de expectativas."

A energia elétrica, uma das despesas mais altas no orçamento das famílias brasileiras, vai consumir ainda mais da renda familiar nos próximos anos. A promessa de queda de até 20% na conta de luz feita pela presidente Dilma Rousseff em 2012 durou pouco. O alívio foi a boa notícia do ano passado. Em média, em dez regiões do país acompanhadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a conta de luz ficou 15,7% mais barata.

Mas a estiagem, a problemática gestão do setor elétrico e até o incentivo ao consumo de eletrodomésticos fizeram o benefício se tornar ônus, na forma de reajustes acima de 10% por cinco anos seguidos. O resultado é que o peso da energia nos gastos com produtos e serviços das famílias deve aumentar 52%, passando dos atuais 2,69% para 4,1% em 2018.

"Com a queda nos preços do ano passado, a energia elétrica pesou menos no orçamento. O peso era de 3,33% em janeiro de 2013 e baixou para 2,69% agora. No fim de 2015, com a incorporação desses aumentos, a despesa voltará a ter o peso de janeiro de 2013, quando a conta de luz ainda não tinha ficado mais barata", afirma André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, que fez as projeções com base nos reajustes calculados pela Consultoria Safira Energia, de 18,7% em 2015 e 2016, e de 14,1% em 2017 e 2018.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já autorizou reajustes este ano. Para os moradores de 118 cidades do Rio Grande do Sul, a conta de luz ficou 28,86% mais cara desde o último dia 19. No Ceará, o reajuste concedido foi de 16,55% e na Bahia, de 14,82%. Os aumentos vieram para fazer frente ao gasto com as térmicas, diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, e ao empréstimo de R$ 11,2 bilhões contratado na última sexta-feira pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, para ser repassado às distribuidoras de energia que ficaram com um rombo nas contas diante do preço alto da energia.

Previsões

Diante dessas altas na conta de luz, os analistas de bancos e consultorias já refizeram as previsões do comportamento do IPCA, que deve variar de 6,6% a 7%, ou seja, acima do teto da meta de inflação.

"O pacote de energia nasceu morto. Mudar as regras no meio do caminho como foi feito já sinalizava problemas à frente, e foi no que deu. Cada vez que o governo tentar intervir como fez terá isso como resultado", opina Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, calcula que este ano a conta de luz de mais da metade das famílias brasileiras terá aumento de dois dígitos, ou seja, acima de 10%.

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