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Crise fará juro cair mais, sugere Copom

Sede do Banco Central, em Brasília: instituição está mais preocupada com a crise internacional | Pedro Ladeira/AFP
Sede do Banco Central, em Brasília: instituição está mais preocupada com a crise internacional (Foto: Pedro Ladeira/AFP)

A piora da situação na Europa e a avaliação de que a recuperação da economia brasileira tem sido bastante gradual abrem caminho para que os cortes de juro continuem. O recado foi dado ontem na ata da reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). No texto, o Banco Central (BC) sinaliza que, com "parcimônia", a taxa Selic pode seguir em queda porque não há preocupação com a inflação. Analistas, que previam apenas mais uma redução em julho, já falam em dois cortes e juro de 7,5% ao ano em agosto.

A diminuição da taxa em 0,5 ponto na semana passada, para 8,5% ao ano, levou o juro para o menor patamar da história e disparou o gatilho que reduz a rentabilidade da poupança. Para explicar a decisão, o Copom demonstrou preocupação extra com os desdobramentos da crise internacional.

Menos confiança

Além da piora já conhecida do comércio exterior, aplicações financeiras e oferta de crédito, o texto destaca que o Brasil também passou a sofrer com a deterioração da confiança dos empresários. O item, diz o BC, é um canal "de grande importância" de possível contaminação dos efeitos da turbulência para o país. O problema da falta de otimismo é que isso diminui os investimentos.

No Brasil, essa contração já é notada e, inclusive, preocupa o governo. No primeiro trimestre, o dinheiro gasto com novos projetos, como a construção de uma fábrica ou expansão de uma linha de montagem, caiu 1,8% na comparação os últimos três meses de 2011. O dado parece ter acendido a luz amarela.

Crise mais forte

Com a nova via de contaminação, a ata deixou de trazer a análise de que a atual crise terá, para o Brasil, efeito equivalente a um quarto dos problemas vividos entre 2008 e 2009. Tal avaliação era repetida desde agosto de 2011. A retirada dessa percepção pode ser lida como a possibilidade de que as consequências da atual crise podem ser maiores que o originalmente previsto.

Nesse cenário, o Brasil sofre cada vez mais. Em meio à queda dos investimentos, o BC diz que a atividade econômica tem frustrado previsões. "O Copom avalia que a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que se antecipava, e que a recuperação tem se materializado de forma bastante gradual."

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