Quando o advogado Manoel Olegário, 42, perdeu o emprego em julho, precisou conversar com o filho Gabriel Olegário, 11, sobre uma mudança importante que aconteceria na vida do garoto.
Em 2016, o menino deixará de conviver com amigos e professores que conheceu há cinco anos no colégio particular onde estuda em Diadema (Grande SP). Gabriel agora vai para a escola pública.
“Fui bastante transparente com ele. Disse que era necessário. Nosso orçamento não permitia mais bancar a mensalidade”, afirma Manoel, que paga R$ 900 por mês ao colégio do filho.
Em ano de crise, escolas decidem repor apenas a inflação nas mensalidades
Pelo menos seis colégios optaram por reajuste inferior ao IPCA da região de Curitiba. Correção das mensalidades deve variar entre 9,7% e 10,2%
Leia a matéria completaA crise econômica e o aumento de mensalidade têm levado pais a trocarem escolas particulares pelas públicas.
De janeiro a agosto deste ano, 195,7 mil estudantes fizeram esse movimento no Estado de São Paulo, segundo dados do Censo Escolar. O número já é maior que o de todo o ano passado, quando 195 mil alunos migraram de escolas privadas para públicas.
Na quinta-feira (1º), primeiro dia de matrículas para 2016, a Secretaria Estadual da Educação registrou cerca de 3.000 inscrições. Dessas, a pasta estima que 90% foram de crianças e adolescentes oriundos de escolas privadas.
Foi o caso de Gabriel Olegário, que pela primeira vez vai estudar em uma pública. Na quinta-feira, seu pai visitou um colégio estadual em Diadema e já fez a matrícula do garoto para 2016.
“Enquanto eu não conseguir emprego, meu filho vai ficar na pública. Não acho um prejuízo grande. Os professores são concursados, competentes. Talvez o que falte na escola pública seja mais estrutura”, diz Manoel.
A economista Eliane Cristina de Paula, 45, fez a mesma mudança. Seus dois filhos estudavam em um tradicional colégio particular em Campinas (a 93 km de São Paulo).
No início do ano, seu marido, o engenheiro Laurence Botinhon, 47, perdeu o emprego. A família teve que parar de pagar R$ 3.000 em mensalidades das crianças.
“Foi um decisão totalmente financeira, tivemos que colocá-los numa escola estadual”, diz Eliane. Ela, no entanto, gostou da mudança.
“Tivemos sorte. A escola é muito boa. Os professores acompanham meus filhos mais do que na particular. E tudo é de graça. Não tem custo nem de material”, diz.
O marido de Eliane conseguiu outro emprego recentemente. Porém eles não pensam em voltar atrás. “Muitas particulares abusam na mensalidade, alegando ter uma qualidade que nem sempre existe”, avalia a economista.
No Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mais recente, de 2013, a rede particular paulista teve nota 5,6 no ensino médio, em escala de zero a dez. A rede estadual, 3,7.
Inadimplência
As escolas particulares do Estado estimam que, para 2016, o reajuste na mensalidade ultrapasse a inflação, chegando à casa dos 10%.
Em agosto deste ano, a inadimplência dos pais na capital chegou a 11,60% -ante 7,8% no mesmo mês do ano passado. Os dados são do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de SP, que representa cerca de 10 mil escolas particulares do Estado.
“Mesmo com a crise, não acho que haverá debandada”, diz Benjamin Ribeiro, presidente do sindicato. Para ele, o mais provável é que ocorra uma migração de alunos de escolas mais caras para outras mais baratas.
“Orientamos escolas a aumentar [a mensalidade] só o necessário”, diz Ribeiro.
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