A crise internacional já fez a primeira vítima na Argentina no campo corporativo, depois das reestruturações ocorridas durante o conturbado período de 2001 e 2002 A Transportadora de Gás do Norte (TGN) declarou o não pagamento (default) de sua dívida de quase US$ 16 milhões de capital e US$ 6,5 milhões de juros. Os bônus corporativos da TGN venceriam no dia 31 de dezembro, mas a empresa já anunciou sua decisão nesta terça-feira. O passivo que a companhia deixa de pagar já havia sido renegociado há dois anos.

CARREGANDO :)

O default da TGN não causou surpresa no mercado, já que os especialistas comentavam que não havia muitas opções para a companhia. Uma delas era pagar a dívida e esperar por um aumento das tarifas em 2009 capaz de recompor seu capital. A outra era privilegiar o atual caixa para não chegar ao próximo vencimento de junho com as mesmas incertezas. No mercado, os comentários são de que os bancos credores ofereceram uma reestruturação amigável à TGN, mas a companhia optou pelo caminho mais drástico do default para negociar quando a poeira baixar. A empresa explicou que ainda não tem prevista a apresentação de um plano de reestruturação da dívida.

A companhia argumenta, em uma nota oficial, que o default se deve à "deterioração da equação econômico-financeira da TGN, que obedece ao efeito da desvalorização do peso sobre tarifas domésticas as quais permanecem fixas, combinada com uma queda na entrada de dinheiro por transporte de exportação e com um incremento generalizado de seus custos em pesos e em dólares". Na verdade, o que a empresa quer dizer é que entrou em default por causa da falta de aplicação do ajuste tarifário de 20% que o governo autorizou em setembro passado. Além disso, a TGN foi obrigada a cancelar o contrato de venda de gás ao Chile porque o governo proibiu as exportações, já que a prioridade é atender a demanda interna.

Publicidade

Para o mercado, a decisão da TGN é parte de uma estratégia de negociação que poderá ter um efeito dominó em outras empresas com dificuldades. A Fitch Ratings já havia reduzindo a qualificação da TGN para "default iminente", na semana passada e uma de suas analistas, Ana Paula Ares, considera que as reestruturações em 2009 ocorrerão, mas não serão massivas como em 2002 porque a estrutura das dívidas atuais é melhor.