O economista francês Jean-Pierre Landau, que atualmente leciona na Universidade americana de Princeton, disse nesta sexta-feira (11) que a crise da zona do euro não foi provocada por uma deficiência fiscal dos países, com exceção da Grécia, mas sim de uma unidade financeira "mal gerenciada".
Na sua avaliação, gestores não perceberam que, com a moeda única, os fluxos de crédito também transitariam de um país para outro, gerando impulso ao consumo em países como Espanha e Portugal.O problema, diz, é que esse consumo não pôde mais ser financiado depois que os mercados entraram em pânico com a crise na Grécia.
Segundo ele, dois terços do deficit em conta corrente da Espanha estavam sujeitos a estrangulamento caso houvesse fuga de investidores. "Ninguém viu isso, nós não sabíamos disso", afirmou.O acadêmico já integrou o grupo de diretores do Banco de Compensações Internacionais (BIS), tido como o "banco central dos bancos centrais" e o conselho geral do Banco da França. Landau participou do seminário anual de metas de inflação, organizado pelo Banco Central brasileiro.
Sua opinião foi contestada por outros economistas, como o economista da Universidade de Tóquio Takatoshi Ito: "Os investidores não atacam quando há espaço fiscal", disse Ito.
Ainda assim, Landau é otimista em relação ao futuro da Espanha. Afirma que o país tem uma indústria relevante, elevada taxa de investimento em relação ao PIB e as exportações voltaram a crescer. O problema maior será lidar com a alta inadimplência provocada por essa redução forçada do consumo das famílias."O crescimento é a chave", afirmou.
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