A crise internacional traz uma boa perspectiva para o comércio varejista brasileiro, segundo o gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Reinaldo Pereira.
Na visão de Pereira, é possível que o governo brasileiro corte juros e reverta as medidas macroprudenciais para contenção do crédito, em uma tentativa de fazer com que o mercado interno ajude o País a sofrer menos com a turbulência internacional.
"Com essa mudança de conjuntura, esse retorno de crise internacional, o mercado interno é que pode fazer com que o Brasil passe sem muito sofrimento pela crise. Os desestímulos forçados pelo governo para contenção de demanda objetivando queda de inflação podem ser revertidos. Ou seja, se eu quero incentivar agora o mercado interno, eu tenho que reduzir taxa de juros, eu tenho que tirar as medidas macroprudenciais para que, com isso, o Brasil possa passar sem muito sofrimento, como aconteceu em 2008 e 2009, por essa crise financeira internacional", disse Pereira.
"Então, há uma perspectiva de melhora no comércio. Uma vez que se o Brasil não poderá vender seus produtos para fora, via exportação, por conta da crise internacional, ele terá que vender para o mercado interno. Para isso, tem que ter um estímulo de demanda para o mercado interno", completou.
Contenção
O resultado do primeiro semestre de 2011 no varejo, com alta nas vendas de 7,3%, mostra um crescimento menor do que o observado no primeiro semestre do ano passado, de 11,5%, mas ainda acima do esperado, após as medidas de contenção do crédito tomadas pelo governo, segundo o IBGE.
"As vendas com alta de 7,3% no semestre e de 7,8% no trimestre são resultados bons", disse Reinaldo Pereira. "Não foi o melhor, mas também não foi ruim o resultado. Estamos em um momento conjuntural diferente. No ano passado não tinha inflação nem as medidas para conter o crédito. Ainda por cima o primeiro semestre de 2010 foi o melhor de todos, então isso causa uma alta base de comparação para o primeiro semestre de 2011".
O gerente do IBGE acredita que os preços em baixa de alguns produtos, como eletroeletrônicos, tenham ajudado o resultado das vendas no varejo.