Sede do Credit Suisse, em Zurique: “exposição significativa” à crise europeia levou à reavaliação da classificação de crédito| Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

Reação

Dados negativos fazem Bovespa cair quase 3%

O dia de ontem foi de forte correção nas bolsas de valores do Brasil e dos Estados Unidos, com os investidores reagindo a uma rodada de dados fracos nas principais economias mundiais. As commodities, especialmente o petróleo, também marcaram baixas expressivas, reagindo às preocupações com o ritmo de expansão global. Além disso, a partir do meio da tarde circularam rumores de que uma agência de rating promoveria cortes nas notas de várias instituições financeiras com atuação global, o que acentuou a aversão ao risco – e foi confirmado mais tarde. O dólar fechou em alta de 1,08%, cotado a R$ 2,055 na venda. O Ibovespa recuou 2,91% e encerrou na mínima do dia, aos 55.505 pontos. A máxima foi de 57.218 pontos. O volume financeiro alcançou R$ 7,142 bilhões, mas foi inflado por R$ 939,5 milhões da oferta voluntária de permuta de ações da JBS pela Vigor. Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN perdeu 3,16%, para R$ 19,27; Vale PNA recuou 2,50%, a R$ 38,85; e OGX ON fechou em baixa de 5,64%, a R$ 9,20.

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A agência de classificação de risco Moody’s sinalizou ontem que não só os bancos europeus estão frágeis por conta da recuperação lenta da economia e da crise na dívida dos países da zona do euro. A agência de classificação de risco rebaixou a nota de 15 instituições financeiras no mundo todo, incluindo as cinco maiores empresas americanas no ranking de ativos.

Entre os bancos cuja avaliação piorou estão Bank of America, JP Morgan, Citi­group, Goldman Sachs, Mor­gan Stanley, Credit Suisse, BNP Paribas, Barclays, HSBC, Deutsche Bank, Royal Bank of Canada e outros. "Todos os bancos afetados pelas ações de hoje [ontem] têm uma exposição significativa à volatilidade e risco de perdas desproporcionais inerentes às atividades dos mercados de capitais", disse, em nota, Greg Bauer, diretor da Moody’s Global Banking. A consultoria de risco ressalva que as instituições estão envolvidas também em outras atividades financeiras, que podem mitigar o risco do perfil de crédito e amortecer a volatilidade do mercado.

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O dia em que as agências de risco fariam um rebaixamento em série dos bancos vinha sendo aguardado pelo mercado desde fevereiro, quando a Moody’s colocou a nota de 17 instituições financeiras em revisão. As agências de risco foram muito atacadas em 2008 porque não alertaram sobre a situação do Lehman Brothers, que quebrou em setembro daquele ano.

Segundo a agência, desde fevereiro foi feita "revisão abrangente" no perfil de crédito de cada empresa. A avaliação levou em conta fatores como o tamanho e a estabilidade dos rendimentos provenientes de atividades que não dependem dos mercados de capital, a capitalização, a liquidez e outras considerações, inclusive a exposição à crise na Europa, registros de falhas de gestão de risco e fragilidades decorrentes das hipotecas residenciais nos Estados Unidos. Os bancos rebaixados ontem foram divididos em três categorias, dependendo da capacidade de absorver riscos. O Morgan Stanley foi posicionado na categoria mais vulnerável, assim como Citigroup e Bank of America.

A Moody’s diz que essas instituições tiveram problemas com gestão de risco, mas diz que a maioria já tomou medidas para aperfeiçoar o modelo de negócios. Barclays e BNP Paribas foram inseridos na categoria intermediária, pois de acordo com a Moody’s, têm, mesmo que em níveis variados, relativa resistência a choques. O grupo que sofreu rebaixamento mais brando inclui HSBC e JPMorgan. A Moody’s avalia que embora as operações no mercado de capital representem parte importante no negócio dessas instituições, elas também obtêm lucros em outros fontes, mais estáveis.

Os 15 bancos que receberam cortes em suas notas foram: Bank of America, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Goldman Sachs, HSBC, JPMorgan Chase, Morgan Stanley, Royal Bank of Scotland, BNP Paribas, Credit Agricole, Deutsche Bank, Royal Bank of Canada, Societe Generale e UBS.