IPCA ficou dentro da meta perseguida pelo BC. Veja a evolução do índice| Foto:

A crise evitou uma alta maior do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2008. O indicador, usado para balizar a política monetária do Banco Central, subiu 5,9% no ano passado, acima da meta de 4,5% mas dentro da margem de flutuação de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Graças à queda no preço das commodities e à desaceleração da economia, o IPCA subiu 0,28% em dezembro, a menor variação para este mês desde o início do Plano Real.

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"Os problemas internacionais, com alguma repercussão no mercado interno e externo, fizeram com que produtos que seriam exportados ficassem no país, aumentando a oferta. Além disso, houve redução da demanda, dificultando os repasses de aumentos de preços", explicou a coordenadora de índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou-se satisfeito com o resultado do IPCA de dezembro e destacou que o Brasil passou por um choque de commodities mantendo a inflação dentro do esperado. "Eu sempre disse que ficaríamos com a inflação dentro da meta", afirmou Mantega.

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Segundo o ministro, a desaceleração da inflação "abre espaço importante para a redução" da taxa básica dos juros. Apesar disso, Mantega disse que a avaliação sobre o nível da Selic compete apenas ao BC.

Segundo Eulina, a desaceleração ocorrida nos reajustes de preços dos alimentos, que tanto vinham pressionando a inflação desde o segundo semestre de 2007, ocorreu a partir de agosto do ano passado. Os produtos alimentícios, que tinham acumulado um aumento de 8,65% no primeiro semestre de 2008, desaceleraram os reajustes para 2,27% no segundo semestre. Mesmo assim, os alimentos tiveram no ano passado a maior alta em seis anos, com inflação de 11,11%. O resultado fica abaixo dos 19,47% observados em 2002. Naquele ano, os produtos alimentícios foram fortemente impactados pelo choque cambial.

Individualmente, a maior contribuição para o IPCA de 2008 veio de refeição em restaurante, que verificou alta de 14,45% no ano. Em seguida, vieram as carnes, com alta de 24,02%. Entre os não-alimentícios, a principal contribuição veio do grupo de despesas pessoais, que teve variação de 7,35% no ano. O destaque ficou com os salários dos empregados domésticos, que aumentaram 11,04%, sendo a terceira maior contribuição individual para o índice do ano. Outros itens relevantes foram os colégios (4,75%), planos de saúde (6,15%) e aluguel residencial (6,92%).

Regime

Num ano muito influenciado pelo comportamento das commodities no mercado internacional – para o bem e para o mal – o BC conseguiu entregar pela sétima vez nos dez anos do sistema de metas de inflação no Brasil o IPCA dentro do intervalo previsto, de 2,5% a 6,5%.

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