O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mandou vir ao Brasil o representante do país no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, para explicar por que se absteve na votação que aprovou a liberação de uma nova etapa de ajuda financeira à Grécia. Mantega disse que Nogueira Batista não consultou o governo e não estava autorizado a votar dessa maneira.
Segundo Mantega, o Brasil é favorável ao programa de socorro ao país europeu e, por isso, ele mesmo telefonou para a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, para comunicar a posição brasileira. "Teremos que retificar esse voto, mas, de qualquer forma, isso não impediu aprovação da tranche (parcela) ao pacote de resgate", afirmou. "Vamos liberar essa parcela e as demais."
Mantega disse a Lagarde que Nogueira Batista se equivocou ao se abster durante a votação. Segundo ele, houve uma falha de comunicação. "O nosso representante no FMI participa de dezenas de votações todas as semanas, então ele não precisa me consultar em todas. Mas ele precisa me consultar em votações polêmicas, ele sabe das diretrizes", explicou. Nogueira virá a Brasília na próxima semana para dar explicações ao ministro. O representante permanecerá no cargo, segundo Mantega.
Apesar de o diretor também representar outros países da América Latina no FMI, Mantega disse que o Brasil tem posição majoritária na cadeira e, por isso, Nogueira deveria ter seguido a posição brasileira. O ministro admitiu ainda que o programa de ajuda à Grécia possui defeitos e pode ser melhorado, mas isso não seria motivo para o Brasil negar qualquer novo aporte em um programa que foi aprovado pelo próprio país.
Críticas
Além de se abster, Nogueira Batista fez duras críticas ao programa de ajuste implementado na Grécia que, segundo ele, não tira o país de crise. Ele afirmou ainda que a Grécia "está a um passo de uma moratória ou de atrasos de pagamento" ao fundo.
Nogueira Batista representa mais dez países além do Brasil no FMI. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele afirmou que seu voto não refletiu a opinião dos países que representa, mas sim sua posição como diretor-executivo do Fundo. "Como diretor do Fundo, sou responsável fiduciário pela integridade da instituição. E foi nessa condição que me manifestei sobre a revisão do programa grego", disse.
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