Os negócios entre o Brasil e a Síria apresentaram queda desde o ano passado, após o início dos protestos contra o governo do presidente Bashar Al Assad, que geraram uma crise interna e uma onda de violência na região. Aliadas às circunstâncias políticas e sociais, as sanções econômicas à Síria, impostas pelos países ocidentais, afetaram o crédito bancário, enfraquecendo a economia e as relações comerciais com o exterior.
O Ministério das Relações Exteriores informou que em função da situação atípica na Síria tem ocorrido uma contração econômica geral no país, gerando impactos no comércio exterior com todas as regiões do mundo. De acordo com a diplomacia brasileira, a situação econômica do país levou à redução na exportação de produtos brasileiros.
Em 2010, o Brasil exportou US$ 547 milhões para a Síria, enquanto que em 2011 as exportações totalizaram US$ 366 milhões. Entre os produtos que ocupam o topo da pauta de exportações estão o café, a soja e o açúcar.
As importações brasileiras atingiram US$ 47 milhões em 2010 e US$ 45 milhões em 2011. O fluxo comercial Brasil-Síria saiu do patamar de US$ 500 milhões em 2010 para US$ 322 milhões em 2011.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Alaby, disse que as exportações brasileiras ao país árabe foram afetadas pela dimimuição da demanda entre os empresários sírios, receosos com as sanções ocidentais, os conflitos armados e a violência. "Não temos tido tanto contato com empresários sírios. Acredito que deve haver dificuldade de negociar diretamente com a Síria no momento", disse ele.
Segundo Alaby, mesmo com a violência e a crise na Síria, os produtos brasileiros encontram meios de entrar no país de forma indireta. "Por experiência, algumas empresas brasileiras têm vendido ao Líbano, e de lá, as mercadorias seguem para a Síria. Dá para dizer que há brechas e os sírios se valem disso para negociar".
Para ele, apesar da queda nas exportações, o Brasil ainda mantém um padrão de negócios já que a maioria dos produtos vendidos pelos brasileiros é formada de matérias-primas ou commodities, como o açúcar, café, a soja e o milho.
Alaby acrescentou ainda que a demanda por esses produtos continua em alta, mas com a escassez de crédito bancário e com o bloqueio imposto com as sanções pelos Estados Unidos e países europeus, algumas empresas sírias usam bancos chineses, russos ou libaneses para operar financeiramente suas vendas.
Em relação ao Brasil, o presidente da Câmara de Comércio disse que o ambiente para negócios também mudou consideravelmente por conta das sanções. O Brasil vem mudando o tom contra o governo sírio, manifestando o desejo de que o regime ponha um fim à violência e à repressão no país. "Não acredito que a Síria tenha fechado voluntariamente seu mercado ao Brasil em termos de comércio bilateral".
A violência na Síria, segundo cálculos da Organziação das Nações Unidas (ONU), superou 7,3 mil mortos. O governo sírio restringe o acesso de jornalistas estrangeiros ao país, dificultando a confirmação de dados de forma independente.