Os fabricantes italianos de sapato de luxo estão cada vez mais interessados no mercado brasileiro. A crise financeira, que tem abatido centros importantes de produção de calçados, como a China, torna o Brasil ainda mais atraente, segundo o diretor geral da Associação Nacional das Indústrias Italianas de Calçados (ANCI), que trouxe representantes de 17 empresas a São Paulo para participar da 36.ª edição da Couromoda.
Em entrevista ao G1, o italiano Fabio Aromatici afirma que o cenário internacional de dificuldades financeiras estimula e colaborou para antecipar a decisão de trazer uma missão ao Brasil para conhecer o mercado de perto.
"Isso é muito verdadeiro. É a primeira vez que viemos à Couromoda como empresas organizadas", disse Aromatici, que afirma o panorama econômico intensifica o apetite por novos mercados tanto de clientes quanto de fornecedores.
Segundo ele, a vinda ao Brasil tem por objetivo conhecer o mercado e os fabricantes brasileiros para ampliar no futuro a gama de produtos ofertados no mercado nacional; em um segundo momento, a meta é firmar parceria com fabricantes nacionais para usar fornecedores brasileiros na fabricação dos sapatos de luxo italianos.
As marcas representadas no estande italiano do evento são as seguintes: Gianmarco Lorenzi, Fratelli Rossetti, Alberto Gozzi, Bruno Magli, Calzaturificio Star, Aldo Bruè, Íris, Ballin, Luciano Padovan, Parkerson e Consorzio Vigevano Export (formado por Brunate, Caimar, Pepe, Renato Cenedella, Speroni, Sultana).
Segundo dados da Anci, as exportações italianas de calçados ao Brasil cresceram 15,4% em 2007, chegando a um valor total de 5 milhões de euros. Nos primeiros oito meses de 2008 foram vendidos 4,3 milhões de euros em sapatos italianos ao Brasil, aumento de 35,4% sobre o mesmo período de 2007.
No primeiro dia do evento, o G1 foi à Couromoda conferir as novidades da feira e visitou o estande das empresas italianas, que exibiam modelos de preço médio de 2 mil euros e, segundo a fabricante, apreciado por celebridades como Angelina Jolie.
Preferências parecidas
Outra característica do Brasil que atrai os italianos é o gosto das brasileiras para sapatos femininos, que é semelhante ao das européias, segundo o italiano.
"Temos consciência de que as pessoas consideram bons os produtos italianos aqui no Brasil, mas caros. Um dos objetivos é trabalhar na distribuição para baratear o produto para o consumidor brasileiro", diz o diretor.
Barreiras
Apesar de "boas perspectivas de implementar parcerias com o Brasil" citadas pelo italiano, ele destaca não ser possível estimar um prazo mínimo para que as parcerias comecem a acontecer. Isso porque a fase inicial de aproximação esbarra em um obstáculo: a alíquota de importação de 35% que o governo brasileiro cobra sobre os produtos italianos, que é considerada alta pelos empresários do setor.
Negociar a redução da alíquota é uma das prioridades da missão italiana no país; na agenda da viagem está o encontro do presidente da Anci, Vitor Artioli, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na abertura da Couromoda, na segunda-feira, Lula foi presenteado por Artioli com um par de exemplares da marca."Queremos levar as discussões sobre a aproximação Brasil-Itália no mercado ao nível da União Européia e do Mercosul", afirmou.
Embora a Anci represente também marcas poderosas como Versace e Dolce & Gabbana, o foco é trazer ao mercado brasileiro marcas de luxo menos conhecidas mas de alta qualidade e valor agregado.
A Couromoda teve início na segunda-feira (12), com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assistiu ao desfile de abertura do evento liderado pela modelo Fernanda Lima, discursou e ganhou de presente modelos da marca italiana Artioli e da nacional Sândalo.
Serviço
A Couromoda acontece de 12 a 15 de janeiro no Parque Anhembi, em São Paulo, das 10h às 20h. A feira é exclusiva para lojistas, importadores, empresários e pessoas que comprovarem ligação com o setor de calçados. O ingresso é gratuito, mediante convite ou credenciamento antecipado.
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