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São Paulo (AE) – Apesar de ainda não ter mudado de forma substancial o rumo dos indicadores econômicos, a crise política que se arrasta há mais de dois meses se reflete no mundo dos negócios. Os setores mais atingidos, segundo uma sondagem com empresários feita pela escola de negócios Mercatus, são os de serviços e comércio. São esses também os que mais dependem do mercado interno para sobreviver. Quase 90% das companhias consultadas declararam que o cenário político influencia o seu dia-a-dia. Desse total, 61% informaram que se sentem muito afetadas e 26%, pouco.

A enquete, de âmbito nacional, ouviu executivos em cargos de presidência e diretoria de 40 empresas de portes pequeno, médio e grande. Mais da metade das companhias (57%) consultadas é dos setores de comércio e serviços. A indústria responde por 18% da amostra e 25% das empresas não identificaram o ramo em que atuam.

"Houve um declínio da positividade dos empresários e, com isso, eles tenderão a adotar uma postura mais conservadora. A contaminação do ambiente de negócios deverá se ampliar quanto mais tempo levar o desfecho da crise política", afirma o diretor da Mercatus e consultor responsável pela pesquisa, Alessandro Saade.

Cerca de 60% das companhias informaram que os investimentos em curso foram afetados. Essa fatia sobe para 65% entre as empresas de comércio e de serviços, enquanto é de 57% entre as industriais. Saade pondera que o fato de os executivos declararem que os investimentos atuais estão sendo afetados não significa que eles serão interrompidos, mas que a rentabilidade dos projetos será menor do que o previsto.

Com relação aos investimentos programados para começarem até o fim deste ano, a pesquisa indica um cenário equilibrado: metade das companhias informou que o planejamento foi afetado e a outra metade declarou não ter sentido alterações. O consultor explica que, nesse caso, a manutenção da programação de investimentos até dezembro é mais nítida entre as empresas que atuam no mercado externo e, portanto, têm negócios lastreados nas exportações.

A maioria das empresas (58%) diz acreditar que a instabilidade política afetará a produção e as vendas no segundo semestre. De acordo com a enquete, 40% se dizem muito afetadas e 18% pouco afetadas em relação ao faturamento projetado para os próximos meses. O quadro é mais crítico entre as empresas do setor de serviços, com 64% das companhias informando que terão as vendas influenciadas por esse novo cenário.

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