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Mercado imobiliário

Crise política reduz otimismo na construção civil

Curitiba – A retração sofrida pela construção civil nos últimos quatro anos pode estar chegando ao fim: as perspectivas para o segundo semestre são de reaquecimento. A análise é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), Júlio de Araújo Filho. Ele acredita que, até o fim do ano, a produção imobiliária poderá crescer até 10% em relação a 2004, quando foram construídos apenas 440 mil metros quadrados em Curitiba – pior desempenho desde que esses dados começaram a ser pesquisados, há cerca de 20 anos. "Muitos colegas acham que estou sendo otimista, mas acredito que temos condições para isso."

Entre as razões de Araújo, está a lei aprovada em 2004 que obriga os bancos a destinar a maior parte dos recursos depositados em cadernetas de poupança para o mercado imobiliário. Os benefícios fiscais criados pela Medida Provisória 252 (a "MP do Bem"), assinada em junho, também animam. Além disso, algumas instituições estão agilizando os processos de empréstimo: o Bradesco, por exemplo, está instalando um comitê de crédito imobiliário em Curitiba – isso acelera os trâmites, ao evitar que as análises tenham que ser feitas em São Paulo.

Além das altas taxas de juros, da carga tributária e do aumento dos custos com mão-de-obra e matérias-primas, a dificuldade em adquirir financiamento é freqüentemente usada para explicar a crise da construção. Dentro desse contexto, a ampliação do leque de linhas de crédito e o aumento dos limites máximos de financiamento permitidos pelos bancos são notícias promissoras. O presidente do Sinduscon elogia a atitude da Caixa Econômica Federal, que, ao elevar de R$ 23,5 mil para R$ 34,5 mil o teto do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), estimulou a participação das construtoras. "O valor máximo permitido anteriormente ficava abaixo do custo."

Erlon Ribeiro, da construtora Andrade Ribeiro, comemora a decisão do Banco Santander de financiar imóveis com taxa de aproximadamente 9% ao ano mais a variação da TR – juros menores que os do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que são de 12% mais a TR. "O Bradesco sinaliza que também vai fazer uma campanha forte. Isso significa que o financiamento volta a ser um bom negócio para as classes média e média alta, o que é ótimo para a construção civil."

Incertezas

Representantes da construção civil são unânimes em apontar que o maior obstáculo para a recuperação do setor é a crise política do governo Lula. "Até estourar a crise, esperávamos que a produção fosse deslanchar neste semestre. Agora, já há incertezas", diz José Carlos Martins, um dos vice-presidentes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Erlon Ribeiro torce para que a turbulência seja passageira: "O segundo semestre é sempre melhor para a construção, mas quando a pessoa não está segura de como estará a situação do país nos próximos meses ela evita se aventurar em financiamentos."

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