Paraná é o maior exportador de carne de frango, com 80 mil toneladas/mês| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Setor anuncia o início do fim da crise

O setor de alimentos é o último a entrar e o primeiro a sair de uma crise. Essa frase vem sendo repetida pelos líderes da avicultura desde o início dos problemas financeiros internacionais, quatro meses atrás. Se estiver certa, o mundo está voltando a crescer, ou seja, está saindo da crise. O presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, sustenta que houve uma retomada do ânimo, os preços ganharam estabilidade e as chances de renovação de contratos cresceram.

"Em 2009, vamos retomar o crescimento das exportações", aposta. Ele afirma que, se o Brasil tem chance de elevar os embarques em 5% até dezembro, como prevêem as organizações nacionais do setor, o Paraná pode atingir o dobro disso. "Temos capacidade instalada para 10% a mais neste ano." Ele se refere à ampliação de aviários, indústrias e estrutura de estocagem ocorrida nos últimos anos. (JR)

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Os frigoríficos estão pedindo que os avicultores reduzam em 20% o alojamento de frangos até março, na tentativa de driblar a desaceleração do consumo internacional. O ano passado foi o melhor da história para o setor e a tendência é de reaquecimento a partir de abril, mas a indústria teme que o excesso de carne no mercado interno faça os preços despencarem. O alerta afasta a possibilidade de o consumidor brasileiro comprar carne mais barata.

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O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) diz que os aviários já operam em ritmo mais lento, equivalente ao de 2007. O estado é o maior exportador nacional de frango, com embarque mensal de quase 80 mil toneladas em 2008. O presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, diz que a marca nacional de 488 milhões de aves alojadas, atingida em 2008, se transformou em problema diante da desaceleração no consumo externo. Ele diz que o número já foi reduzido a 432 milhões.

O ideal seriam 400 milhões de frangos alojados neste momento, diz o presidente da União Brasileira da Avicultura (UBA), Ariel Mendes. Ele afirma que o clima é otimista, porém, "não há indicativo forte de recuperação das exportações". Além disso, o setor enfrenta falta de crédito. "O governo disponibiliza dinheiro mas os bancos não liberam."

Em 2008, o preço pago aos avicultores no Paraná caiu de R$ 1,58 para R$ 1,48 por quilo entre janeiro e abril, movimento que pode se repetir com maior intensidade neste ano. A elevação dos preços até dezembro, quando a cotação foi a R$ 1,63 no estado, animou os criadores. Segundo o Sindiavipar, o setor preparava-se para produzir 15% mais que em 2008 e 25% mais que em 2007.

As projeções internacionais são otimistas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, diz que o quilo de carne de frango vai passar de US$ 1,76 (2208) para 1,83 (2009) no mercado norte-americano.

As contas da indústria prevêem uma sobra de até 135 mil toneladas de carne de frango no Brasil até março – três vezes o estoque de dezembro. O excedente vem da redução das exportações, que podem ficar abaixo da marca de 300 mil toneladas/mês.

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Se houver excesso de carne de frango, uma série de setores será afetada, dos fornecedores de ração aos produtores de ovos. "A proteína da carne concorre com a dos ovos no mercado interno", diz o presidente de Associação Paranaense de Avicultura (Apavi), Victor Bertol.

Apesar da freada na produção, estima-se crescimento sobre os recordes de 2008. As duas associações que representam os avicultores e exportadores – a Abef e a UBA – dizem que os embarques vão aumentar 5%. As exportações cresceram 11% em 2008 (para 3,6 milhões de toneladas) e trouxeram arrecadação 40% maior (US$ 6,9 bilhões).

Por outro lado, os números de dezembro justificam o alerta lançado aos avicultores. Os embarques de carne de frango do país foram de 267 mil toneladas, 11% a menos que no mesmo mês de 2007. A receita dessas exportações, US$ 427 milhões, foi 18% menor. No mercado interno, janeiro trouxe estabilidade, com preços de R$ 1,60 a R$ 1,70 o quilo (ao produtor).