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Um estudo do Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB, na sigla em inglês) mostra que, do fim dos anos 80 até 2007, o Produto Nacional Bruto (PNB) global – ou seja, a riqueza real, lastreada em produção – saltou de US$ 10,1 trilhões para cerca de US$ 50 trilhões. No mesmo período, a riqueza "artificial", baseada em ativos financeiros, cresceu de US$ 12 trilhões para quase US$ 200 trilhões. Destes, cerca de US$ 50 trilhões já teriam sido destruídos no lado financeiro da crise econômica.

"Fica evidente que uma destruição de riqueza da ordem de US$ 50 trilhões iria exigir recursos do Estado na mesma proporção para que se preservasse o status quo vigente antes da crise. Isso é impossível de ser realizado. A questão não é recuperar perdas, mas sim preservar a economia real e o que sobrou do sistema financeiro mundial", avalia o professor João Basilio Pereima Neto, do Departamento de Economia da UFPR. "É mais que óbvio que os cerca de US$ 3 trilhões anunciados até agora são insuficientes."

O professor Evaldo Alves, da FGV-SP, também avalia que os recursos colocados no sistema financeiro global até agora tiveram o objetivo "apenas de apagar o incêndio e prover recursos para o sistema financeiro não quebrar". "Mas a causa da crise é mais profunda, ela se localiza no setor produtivo, sobretudo na economia americana", diz ele. A avaliação é de que um país ineficiente em produção, altamente endividado e com níveis de poupança próximos de zero entraria em crise mais cedo ou mais tarde. "O programa agora tem que estar voltado para o setor produtivo. Se eu continuar só ajudando banco, iria afundar num caos gigantesco. É preciso redirecionar os recursos para o sistema produtivo, melhorar competitividade e produtividade."

Pereima Neto acredita que o sistema financeiro mundial pode evoluir para algo muito mais controlado, e voltado principalmente para o financiamento da atividade econômica – portanto, para a produção das empresas e criação de empregos, aquilo que se chama de economia real. "Há 20 anos a intermediação financeira representava 50% da atividade dos bancos. Hoje representa menos de 15%. Os bancos inventaram outras maneiras de ganhar no mercado financeiro. Mas haverá um novo enquadramento, uma nova ordem financeira, na qual o sistema financeiro vai ser tão regulado que não poderá mais alçar voos por conta própria."

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