A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, manterá uma posição firme para "defender" a indústria de seu país na reunião que terá na quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. O encontro promete ser embalado pelos crescentes conflitos comerciais entre os países, cujo estopim foram as medidas protecionistas argentinas aplicadas em meados do ano passado.
De seu lado, as medidas restritivas do governo Kirchner provocaram nos últimos dias diversas barreiras brasileiras contra produtos Made in Argentina. "Temos em conta as necessidades do nosso setor produtivo", afirmou o chanceler argentino, Jorge Taiana.
"Qualquer avanço (na reunião de Brasília) será nessa direção", completou, indicando que o governo argentino não recuará nas medidas que aplicou nos últimos tempos para proteger o setor industrial.
As medidas foram adotadas a pedido do empresariado em Buenos Aires, que alerta para uma suposta "invasão" de produtos brasileiros "subsidiados" pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ao lado de Taiana, que sustentou que o "clima" para a reunião presidencial "é bom", a ministra da Produção, Debora Giorgi - famosa por suas posições "duras" com o Brasil - afirmou que a ideia é "manter a atividade industrial argentina". Giorgi costuma defender a tese de que é preciso eliminar o "déficit estrutural" argentino com o Brasil.
Uma das principais reclamações do governo brasileiro são as licenças não-automáticas aplicadas pela Argentina, que, com frequência, ultrapassam o limite máximo de 60 dias e prolongam-se por até 120 dias.
Desde o início do segundo semestre do ano passado, o governo Kirchner desferiu uma série de medidas protecionistas que afetaram 14% das exportações brasileiras para o mercado argentino.
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