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Ao rebaixar ontem o rating do Brasil, a agência Standard &Poor´s (S&P) fez, na realidade, o que já era esperado pelo mercado. Em meio à piora relevante do cenário fiscal do país nos últimos tempos, analistas e o próprio governo, nos bastidores, já apostavam na piora da nota do país. E trata-se de um mau sinal para a economia brasileira.

O novo rating, "BBB-", é o último considerado pela agência como grau de investimento. A perspectiva da agência passou de negativa para estável e não deve ser modificada tão cedo. Ou seja, o risco de perder o grau de investimento no próximo ano é baixo. Mas isso não alivia muito a situação.

Uma piora na classificação tem reflexo na imagem de confiança e pode provocar a saída de investidores estrangeiros do país. Também pode dificultar e elevar o custo de empréstimos das empresas e do governo brasileiro no exterior. Em um cenário mais grave, gera pressões sobre o câmbio e juros. Tudo que a presidente Dilma Rousseff não deseja em ano eleitoral.

Não que a equipe econômica não soubesse o que fazia. A S&P ameaçava rebaixar a nota do Brasil desde meados do ano passado, mas o governo ignorou os sinais de alerta e não fez o que deveria fazer: reduzir gastos e organizar suas contas.

Segundo a S&P, o Brasil dificilmente cumprirá a meta formal de 1,9% de superávit primário. Disse o que todo mundo já sabia. Só que agora, ao que parece, a economia brasileira começará, de fato, a pagar essa conta.

Decisão da S&P é "inconsistente", diz ministério

O Ministério da Fazenda divulgou nota criticando a decisão da S&P. De acordo com o documento, a avaliação da agência de rating é "inconsistente com as condições da economia brasileira" e "contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil".

O ministério afirmou que, embora a S&P tenha alegado que uma das razões para o rebaixamento foi o crescimento econômico do país, o Brasil teria crescido 17,8% no período da crise internacional, iniciada em 2008.

A Fazenda também se defendeu da avaliação fiscal feita pela S&P, julgando-a não procedente. "O Brasil tem feito um dos maiores superávits primários do mundo nos últimos 15 anos."

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