Campeões de arrecadação
Os cinco projetos mais valiosos no ranking do Kickstarter arrecadaram juntos US$ 43,8 milhões:
1 - Coolest: Caixa térmica equipada com alto-falantes, liquidificador e entrada USB. Arrecadação: US$ 13,2 milhões.Apoiadores: 62 mil.
2 - Pebble: Smartwatch que se comunica via bluetooth com seu smartphone exibindo notificações no visor.Arrecadação: US$ 10,2 milhões.Apoiadores: 68 mil.
3 - Ouya: Console que dá aos desenvolvedores independentes acesso ao mercado de games domésticos.Arrecadação: US$ 8,5 milhões.Apoiadores: 63 mil.
4 - Pono Music: Player musical lançado pelo músico Neil Young promete alta fidelidade sonora.Arrecadação: US$ 6,2 milhões.Apoiadores: 18 mil.
5 - Veronica Mars: Série de suspense norte-americana. financiada com a ajuda de anônimos.Arrecadação: US$ 5,7 milhões. Apoiadores: 91 mil.
O que têm em comum um cooler de bebidas com alto-falantes e liquidificador, um console de vídeo game, um player de música, um relógio inteligente e uma série de tevê? A resposta é que todos foram viabilizados por meio de financiamento coletivo. As cinco ideias foram as campeãs de arrecadação no Kickstarter, a maior plataforma de crowdfunding do mundo, em 2014, amealhando US$ 43,8 milhões.
Espécie de "vaquinha virtual", o crowdfunding permite que empreendedores arrecadem recursos de maneira rápida e independente parar tirar ideias do papel. "É um caminho em que não se depende do governo e de leis de incentivo. Há um viés empreendedor tanto de quem faz quanto de quem acredita e ajuda a acontecer", diz Adolfo Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomércio e da Associação Brasileira das Empresas Administradoras de Plataformas de Equity Crowdfunding (Abpec).
Em 2014, o Kickstarter arrecadou R$ 1,4 bilhão para cerca de 22 mil projetos. O financiamento coletivo é uma forma de democratização na viabilidade de bons projetos, já que dispensa a necessidade de se fazer empréstimos ou bater na porta de cada investidor. "Quem nunca conheceu uma pessoa extraordinária que não conseguiu explorar todo o seu potencial por falta de capital financeiro ou intelectual? O crowdfunding descentralizou o investimento e deu uma chance a todas estas pessoas para viabilizarem seus negócios, independentemente de sua origem e rede de contatos", diz Frederico Rizzo, fundador da plataforma nacional Broota, voltada para investidores.
O financiamento coletivo permite uma inversão na estratégia do empreendedor, que têm a oportunidade de vender seus produtos e testar sua aceitação nas plataformas para depois produzi-los. "A internet proporciona um feedback gigantesco e praticamente instantâneo que vai de encontro à ideia de que um produto inovador deve ser testado rapidamente e com o menor custo possível", explica Rizzo.Segundo Melito, se o projeto não atinge a meta de arrecadação, é hora de rever a ideia ou a estratégia de apresentação.
O apelo ao público jovem, boas apresentações em fotos ou vídeo, inovação e tecnologia são algumas das características comuns no topo do ranking. "É importante gerar identificação. Mais do que dinheiro, o interesse das pessoas está no valor de apoiar uma causa, ser o primeiro a usar um produto inovador ou ter seu nome como uma das pessoas que fez acontecer", diz Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper.
Modalidades
Existem três modalidades principais de financiamento coletivo, que são a de doação, na qual o apoiador envia o valor que deseja apenas para apoiar o projeto, sem receber nada em troca; a recompensa, que, como em uma compra, os usuários que investiram recebem o produto, conforme a quantidade depositada, depois de viabilizado o projeto; o equity crowdfunding é voltado para investidores que aplicam determinado valor em troca de participação acionária na nova empresa. Segundo Frederico Rizzo, a recompensa é mais utilizada para testar a aceitação de um produto inovador com baixo potencial de retorno financeiro. Já o equity é indicado para negócios com bom histórico de crescimento e boas projeções de retorno financeiro a médio e longo prazo. Por isso, é comum os empreendedores optarem primeiro por vender o produto e depois relançar a ideia para investidores.
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