A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou nesta sexta-feira que fez ao grupo anglo-holandês Corus uma proposta de aquisição da empresa por 4,26 bilhões de libras (US$ 8,04 bilhões). Com a nova proposta, a CSN abre luta direta com a indiana Tata Steel pelo controle da empresa siderúrgica européia. A proposta da siderúrgica brasileira é 4,4% maior do que uma oferta da Tata cuja aceitação já foi recomendada pelo conselho da Corus, em 20 de outubro, no valor de 455 pence por ação.
"A CSN anuncia que fez hoje uma consulta ao conselho da Corus sobre uma proposta de aquisição da companhia por 475 pence por ação ordinária em dinheiro", afirmou a CSN em comunicado.
Após o anúncio, as ações ordinárias da CSN passaram a despencar na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) , com os investidores temendo o aumento do endividamento da empresa.
A Corus, que tem cerca de 41.200 funcionários, foi criada em 1999, a partir da fusão entre a British Steel e a holandesa Royal Hoogovens. O grupo já havia negociado uma fusão com a CSN, em 2002, que não chegou a bom termo, segundo a Corus comunicou à época, por "incertezas" no setor siderúrgico e no mercado financeiro internacional.
A Corus ocupa o 9º lugar no ranking global de aço, com 18,2 milhoes de toneladas produzidas em 2005. Com a aquisição, a CSN, que atualmente se encontra na 48ª posição, com 5,2 milhões de toneladas, poderia formar um conglomerado com a sexta maior produção de aço bruto do mundo, segundo dados do International Iron and Steel Institute (IISI) relativos ao ano passado.
Nos EUA, outra negociação
A CSN já está envolvida em outra negociação internacional. A siderúrgica americana Wheeling-Pittsburgh divulgará neste sábado os resultados preliminares da votação dos acionistas sobre as propostas da Esmark e da CSN para assumir o controle da empresa, afirmou um porta-voz.
O comando da empresa apoiou a oferta da CSN, que melhorou sua proposta pela Wheeling-Pittsburgh no começo da semana numa tentativa de se contrapor ao movimento da Esmark.
A oferta da Esmark é apoiada pelo sindicato dos trabalhadores (United Steelworkers, que é contra a proposta da CSN).
Análise
Segundo a Tendências Consultoria, a proposta da CSN pela Corus, se concretizada, pode significar um importante passo na estratégia de posicionamento internacional da companhia brasileira. A proposta vem à tona "após a insistente tentativa de aquisição da siderúrgica americana Wheeling-Pittsburgh, na qual a forte resistência do sindicato dos trabalhadores, que detém cerca de 20% de seu controle, parece emperrar a operação".
Em sua análise, a Tendências pondera que, se concretizada, a compra da Corus teria um importante papel comercial para a CSN, na medida em que seriam estabelecidos novos mercados para o minério de ferro proveniente da mina Casa de Pedra, pertencente à siderúrgica brasileira, e para os produtos siderúrgicos semi-elaborados da companhia, além dos ganhos de sinergia e pesquisa de engenharia.