Pela primeira vez em meio século, os cubanos acordaram ontem com o direito de comprar carros novos e usados do Estado sem precisar de permissão especial, mas aumentos de 400% ou mais rapidamente afastaram as esperanças da maioria das pessoas. Na loja estatal da Peugeot em Havana, os preços variavam de US$ 91 mil para um modelo 206 de 2013 a US$ 262 mil para um 508, e as pessoas iam embora balançando a cabeça em sinal de desalento.
"Eu ganho 600 pesos cubanos por mês (aproximadamente US$ 30). Isso significa que em toda a minha vida não poderei comprar um desses. Vou morrer antes de poder comprar um carro novo", disse Roberto Gonzáles, motorista estatal, retornando para seu Plymouth dos anos 1950.
A média salarial é de US$ 20 em Cuba. No país, quatro em cada cinco pessoas, de um total de 5 milhões de trabalhadores, trabalham para o Estado. Depois de uma reforma iniciada dois anos atrás, os cubanos passaram a poder comprar e vender carros usados uns dos outros, mas até ontem tinham de pedir autorização do governo para adquirir um veículo novo ou de segunda mão, em geral de locadoras, das lojas estatais.