Empresas que oferecem soluções de contabilidade online e gestão devem apostar cada vez mais em machine learning – aprendizado computacional com base em padrões –, aplicativos mobile e interação entre softwares. É o que dizem empreendedores de algumas das principais iniciativas de contabilidade online e startups da área no país.
A Contabilizei, por exemplo, que recebeu em janeiro um aporte de R$ 75 milhões liderado pelo fundo norte-americano Point 72, quer ampliar serviços que já são oferecidos e melhorar automatizações implantadas, como a emissão de nota fiscal – especialmente para o empresário ou autônomo que tem recorrência em clientes.
“Também estamos investindo em um novo aplicativo para smartphone. Deve sair no segundo semestre deste ano”, revela o Vice-presidente de canais e novos negócios da empresa, Guilherme Soares.
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Já a Conta Azul incorporou ao seu sistema a plataforma de contabilidade em nuvem da Wabbi, startup adquirida pela empresa no ano passado. Com a mudança, o profissional de contabilidade – que tinha de transferir dados de seus clientes a um software instalado em seu computador – pode disponibilizar informações em tempo real para o cliente.
Segundo o head de contabilidade da Conta Azul, Gabriel Manes, a empresa projeta que a mudança trará uma economia de 85% de tempo de trabalho para o contador. “Temos crescido 100% ao ano e esperamos continuar nesse ritmo”, diz. A Conta Azul funciona como um intermediário entre o contador e o empresário.
Programa de aceleração do Google impulsiona outras soluções
Accountfy e Agilize, duas startups que têm a contabilidade como foco, estão entre as iniciativas escolhidas para o Launchpad Accelerator deste ano, programa de aceleração do Google que impulsiona iniciativas de machine learning.Elas também são residentes do Cubo, centro de startups e empreendedorismo do Itaú Unibanco e da Redpoint eventures em São Paulo.
Com esse apoio, a Accountfy pretende impulsionar o desenvolvimento de um chatbot – programa que simula uma conversa humana. A ideia é que, ao abrir o painel da plataforma, o pequeno ou médio empresário tenha um robô orientando-o na leitura dos resultados. “Será como ter um consultor à disposição”, diz o CEO da empresa, Goldwasser Pereira. A startup já oferecer uma ferramenta que gera relatórios de demonstrações financeiras em poucos segundos, bastando o cliente fazer um upload do balancete mensal.
Já a Agilize não revela em detalhes o que fará com o que for aprendido no programa de aceleração, exceto que as soluções criadas devem partir da base de dados dos seus cinco mil clientes, com informações como quantidade de impostos gerados, gastos das empresas e tendências de mercado.
“A gente quer utilizar esse tipo de tecnologia [do machine learning] para tomar decisões estratégicas na nossa empresa e desenvolver novas soluções para os nossos clientes”, explica um dos fundadores da Agilize, Marlon Freitas.
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A empresa, fundada em 2012, diz que um de seus diferenciais é a possibilidade de integração entre o sistema financeiro e contábil – o primeiro, relacionado ao dinheiro da empresa, o segundo mais ligado a obrigações burocráticas. Ambos estratégicos para qualquer organização.
Trabalho do contador continua importante, defendem empresários
Para Soares, da Contabilizei, as tecnologias aplicadas à contabilidade como tem acontecido até aqui farão com que o trabalho de contador seja cada vez mais de assessorar o empresário. “A gente recebe bastante dúvida que não tem a ver com contabilidade – médicos que querem ajuda para cadastrar sua empresa no CRM, por exemplo”.
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Fundada em 2013, a empresa curitibana diz que com a automatização de processos e rotinas pode gerar até 90% de economia mensal para as PMEs. A plataforma da startup oferece visualização e controle dos aspectos contábeis da empresa, guias de impostos, relatórios, entre outras coisas.
Freitas, da Agilize, destaca a necessidade do papel de suporte do contador em questões específicas - serviço disponibilizado pela sua empresa. “Nossa equipe de contadores em algumas cidades ficam à disposição para atender alguma demanda junto a Prefeitura, por exemplo”, diz.
Já Pereira, da Accountfy, diz que automatização do processo contábil é algo certo. “A questão é o que fazer a partir disso”, opina. “Foi assim que a gente percebeu que nossa missão é dar protagonismo a contabilidade, transformando-a em informações gerenciais e práticas”.
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