A turma 2019 do projeto News Ventures Lab do Chicas Poderosas .| Foto: Divulgação/Chicas Poderosas

As mulheres empreendedoras do mercado da comunicação ganharam uma aliada quando o assunto é desigualdade de gênero. A rede Chicas Poderosas, que hoje está presente em 13 países na América Latina, incluindo o Brasil, além de Portugal e Espanha, já auxiliou na formação de 5,5 mil mulheres de projetos de mídia digital independentes.

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Elas passaram pelo Human Centered Design (HCD), estrutura de design e gestão da Chicas que desenvolve soluções para problemas dos consumidores finais, e que, em breve, passará a ser etapa permanente do recrutamento e aceleração de empreendedoras que o projeto Chicas está organizando.

A iniciativa mais recente da rede é o New Ventures Lab, um treinamento com orientação estratégica e de financiamento para empreendimentos de comunicação liderados por mulheres, e que já está em sua segunda edição.

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São, ao todo, 30 mulheres de 10 iniciativas diferentes de mídia digital, que devem passar por 20 semanas de treinamento. A maior parte do tempo do treinamento é online, até por uma questão de tornar o processo mais acessível. Mas também há encontros presenciais programados, como a reunião inaugural, que ocorreu em janeiro no Cubo, espaço de empreendedorismo do Itaú e da Redpoint eventures, maior centro de empreendedorismo da América Latina.

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A jornalista Viviane Rosa, que participa do New Ventures Lab, destaca como diferencial o fato de a Chicas ser feita por mulheres e para mulheres. Ela tem um projeto de checagem de boatos, o Eté checagem, que surgiu no ano passado para ajudar a combater as notícias falsas durante as eleições. Com o apoio inicial de uma ONG alemã, agora sua equipe tenta dar novos passos com o empreendimento.

“A gente, que é da comunicação, está acostumada a pensar só no produto, mas no curso a gente tem mentoria, que auxilia a pensar numa grande diversidade de aspectos do nosso projeto, e contato com ferramentas como o Canvas [que ajuda no gerenciamento estratégico e permite desenvolver modelos de negócios]”, explica. O curso também inclui atividades como ensino de registro de patentes e branding.

Segundo a gerente do New Ventures Lab, Ana Addobbati, parte das pessoas selecionadas para o projeto do qual Viviane faz parte teve contato, num primeiro momento, com o HCD, buscando soluções sustentáveis para questões da informação digital.

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Os grupos desenvolveram soluções que abordaram pontos que vêm desafiando a indústria da comunicação digital, como a ética dos algoritmos, verificação de notícias, entre outras coisas. “Fizemos ainda rodadas de entrevistas e avaliamos critérios como a inovação, a relevância para a pauta de direitos humanos e importância para indústria da mídia”, diz Addobbati.

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Sem lucros, com apoios

Em atividade desde 2013, o projeto Chicas Poderosas atua sem finalidade lucrativa e em parceira de outras instituições. Quando começou, tinha o apoio da ICFJ (em inglês, International Center for Journalists, organização norte-americana que promove o jornalismo em todo o mundo), obtido pela portuguesa Mariana Santos, que fundou o projeto. Para a mais recente iniciativa, a News Ventures Lab, a principal sustentação é da Open Society Foundation (rede internacional de doações).

A fundadora do projeto Chicas Poderosas, Mariana Santos.  

Da fundação da Chicas até hoje foram diversas parcerias. Mas se hoje, por exemplo, é preciso fazer uma atividade de hackathon em Curitiba, o projeto sai em busca de locais que possam receber as pessoas que participarão das atividades. Parte dessa conexão com as cidades se dá, como explica Addobbati, por conta da presença das “embaixadoras” do projeto.

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Mas tudo começou mesmo com Mariana, que depois conheceu a empreendedora norte-americana Vicki Hammarstedt, e a partir daí ambas passaram a planejar maneiras de ampliar o escopo do que poderia ser oferecido às mulheres que trabalham com mídia, em especial na América Latina devido ao contexto de violência.

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Para Addobbati, o surgimento da Chicas Poderosas faz parte de uma tendência mundial de busca por igualdade de gênero. “É algo que não tem como escapar. O mercado tem percebido que diversidade traz inovação, possibilita a criação de novos produtos e novas possibilidades de retorno financeiro”, diz.

“Para além disso, temos a convicção de que não existe democracia sem mídia independente e que é preciso estimular essa independência através do empreendedorismo para mulheres, ajudando a criar mais oportunidades”, completa Addobbati, que também é fundadora de uma startup que combate o assédio sexual.