Quando fundado em 2015, o Espaço Cubo nasceu com a proposta de ser o Vale do Silício do Brasil. Três anos depois, o centro de startups e inovação fundado pelo Itaú Unibanco e o fundo Redpoint eventures dá mais um passo ao inaugurar a nova sede com capacidade quatro vezes maior do que o seu espaço inicial.
O prédio de 14 andares, localizado na Vila Olímpia, em São Paulo, pode abrigar até 250 startups e mais de 1.250 empreendedores — hoje, são 66 empresas residentes com 426 funcionários.
Com a mudança, a expectativa é receber mais de duas mil pessoas por dia, acolher startups de diferentes portes e atender a demanda de uma robusta lista de empresas que aguardam para tentar locar uma sala. Cada residente paga um aluguel mensal de cerca de R$ 1 mil por pessoa para trabalhar na nova sede.
“Nós perdemos algumas marcas por conta da falta de espaço no prédio anterior. As startups crescem em ritmo acelerado e não tínhamos mais capacidade física para atender todas elas”, descreve Renata Zanuto, head de startups do Cubo que recebeu a Gazeta do Povo para uma visita guiada.
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Quem ficou responsável por idealizar as áreas de trabalho do “Cubão”, como foi apelidado pelos próprios executivos, foi a rede de coworking WeWork — o Cubo Itaú crava a primeira entrega na América Latina do “Powered by We”, novo programa da startup global para desenhar e arquitetar escritórios de empresas.
Infraestrutura
Todo o ambiente foi pensado em conjunto pelas equipes Cubo e WeWork com foco em preservar a identidade da marca: é colorido e segue o padrão dos tons institucionais (azul, verde, amarelo, laranja e cinza).
Logo no térreo do edifício, há um café aberto ao público que esbanja as cores em um grande painel grafitado, em lambe-lambes nas paredes, nas cadeiras modernas e no container laranja onde as bebidas e os lanches são servidos.
Já os escritórios ocupam dez andares em formato duplex: no andar de baixo fica a área de trabalho de startups de diferentes setores e nos mezaninos as verticais de negócios com uma empresa líder do ramo para fazer a mentoria e conexão entre as startups do mesmo segmento.
Na prática, os cinco andares duplos são divididos por setor e cor: Saúde (com Dasa no 12.º e área verde no 11.º andar), fintech (com Itaú Rede no 10.º e área azul 9.º andar), educação (com Kroton no 8.º e área amarela no 7º andar), varejo (com brMalls no 6.º e área laranja no 5.º andar) e indústria, ainda com parceiro indefinido no 4.º, e área cinza no 3.º andar.
“Com as verticais, conseguiremos estreitar ainda mais os laços entre as startups que mais surgem no mercado com empresas dos respectivos segmentos”, diz Lineu Andrade, diretor de tecnologia do Itaú Unibanco e responsável pelo Cubo, em comunicado enviado à imprensa.
O Cubo Itaú também reúne outras empresas mantenedoras, como Accenture, Schneider, Sapore, Cisco, CI&T, AWS, TIM, Saint-Gobain, B3, Coca-Cola Brasil, Groupe PSA, iugu, GitHub e Salesforce. Cada uma tem sua presença destacada entre os andares, seja em um lounge patrocinado ou na decoração de uma sala.
No Cubão, além das 16 salas de reunião espalhadas entre os 20 mil metros quadrados do edifício, os funcionários têm à disposição uma série de lugares para trabalhar em colaboração, como lounges e áreas recheadas por bancos, mesas e sofás. Além disso, cada andar também tem uma pequena copa equipada com geladeira e cafeteira.
Em um dos pisos, uma luz neon verde estampa um conceito importante para o centro de startups: a serendipidade, que, nas palavras de Zanuto, nada mais é do que um ambiente propício para gerar novas oportunidades de negócio por meio de encontros de corredor entre os colaboradores e executivos.
O mesmo acontece nas salas flexíveis do segundo piso, que têm uma estrutura móvel para atender eventos simultâneos entre 40 e 120 pessoas, e no novo auditório do primeiro andar, que tem capacidade para receber 380 pessoas.
Para relaxar
O último andar é dedicado ao almoço e ao happy hour. Ao invés do sofá tradicional e de uma sala de café, os funcionários podem aproveitar o tempo livre nas mesas de sinuca e ping-pong ou descansar em uma das espreguiçadeiras que ficam ao ar livre. O que não falta por lá é espaço.
Uma outra novidade promete ajudar nas festas do escritório. No prédio anterior, os empreendedores se juntaram para comprar uma churrasqueira para os encontros que aconteciam nas sextas-feiras. Agora ficou mais fácil: a empresa criou uma área fixa de churrasco no rooftop para as equipes combinarem as festas entre si.
E fica melhor. A parceira WeWork construiu um bar com cerveja liberada na área coberta do terraço, mas só durante algumas horas e em dias específicos.
O que vem por aí
Só até julho deste ano, foram mais de 720 contratos fechados entre startups do Cubo e grandes empresas, o equivalente a R$ 50 milhões em investimentos. A reportagem questionou o valor investido no novo prédio, mas o montante não foi informado.
“A partir de agora, cada vez mais empresas poderão usar o Cubo como ferramenta para estimular seus processos de transformação digital”, destaca Lineu, diretor de tecnologia do Itaú Unibanco. “Ou seja, manter essas startups que crescem, e se tornam líderes de seus mercados, significa aumentar a contribuição para que outras também atinjam um nível de maturidade relevante”.
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Caminhando a passos largos, e cada vez mais próximo de um modelo como o do Vale do Silício, a expectativa da companhia é ajudar na mudança de patamar do empreendedorismo no Brasil.
“Queremos criar muito mais conexões e gerar muito valor para as startups residentes e para as empresas que querem fazer parte desse novo ecossistema de trabalho”, diz Renata Zanuto.
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