Segunda maior economia do mundo, a China se destaca dos demais países não só por um crescimento econômico acelerado — em 2018, o PIB do país avançou 6,6% —, mas também pela velocidade em que as mudanças acontecem no país oriental, acentuado pela tecnologia. E para conhecer essa realidade tão distinta do Brasil, um grupo de 27 pessoas, entre líderes de grandes empresas, investidores e mantenedores do Cubo Itaú, maior hub de fomento ao empreendedorismo da América Latina, participou em junho da primeira missão organizada pelo centro e Redpoint eventures.
Segundo Renata Zanuto, head de startups e ecossistema do Cubo, Pequim foi uma das primeiras cidades visitadas pela equipe. Na capital da China, o grupo conheceu o cluster de inovação Innoway. “É como se fosse uma avenida de agentes de fomento a startups com base na iniciativa público-privada. No local, há mais de 2.400 startups e 800 incubadoras”, conta.
Na capital chinesa, o grupo também visitou a Baidu, que encerrou as operações no Brasil no ano passado, mas está todo vapor em seu país de origem. Ao entrar no estabelecimento, a head do Cubo descreve que as portas se abriram automaticamente e uma série de telas demonstraram os produtos vendidos de forma bastante criativa.
Em Pequim, está sediado também o TechTemple, iniciativa de fomento ao empreendedorismo que a eVentures mantém na China. O modelo do ecossistema de inovação deu origem ao Cubo Itaú, em São Paulo, segundo os viajantes.
Em Hangzhou, capital de Zhejiang, o grande destaque ficou por conta da sede do Alibaba, grupo com mais de 60 empresas liderado por Jack Ma. Renata Marques, CIO da Whirlpool, conta que, apesar de Ma ter se distanciado dos negócios, a presença dele está enraizada na empresa e bastante presente na China.
“O Alibaba tem uma rede de supermercados do futuro que entrega as compras à casa do consumidor em 30 minutos. Os produtos são separados por robôs e levados em um trilho na parede até motoboys”, explica a CIO da Whirlpool, citando o varejista Hema Xiansheng.
Na mesma cidade, Marques destaca a velocidade da tecnologia de pagamento móvel — principalmente pela plataforma Alipay, do Alibaba. “Os chineses praticamente pularam a fase do crédito. Quase todo pagamento na China é feito por QR Code, até esmola para morador de rua.”
Vale do Silício dos hardwares
Quem se impressiona com a diversidade de lojas da rua Santa Ifigênia, no centro da São Paulo, certamente se empolgaria com um bairro inteiro de eletrônicos, como Shenzhen, no sudeste da China. Considerado o Vale do Silício dos hardwares, o local conta com centros verticais e horizontais que vendem componentes eletrônicos e montam aparelhos.
Em Shenzhen, o grupo visitou a sede do aplicativo Meitu, que dá nota para a “beleza” do usuário. “O sistema também insere filtros nas fotos para a pessoa ficar bonita e ser quem ela realmente quer ser. A empresa representa a preocupação dos chineses com a própria imagem”, explica Zanuto, do Cubo.
E para entender a velocidade com que a China avança em tecnologia, a equipe conheceu a indústria de robôs humanoides Ubtech, também em Shenzhen. “A empresa deve abrir IPO em breve e avança conforme o governo chinês estimula a programação e a robótica na educação básica das crianças”, avalia Renata Feltrin, head of experience management da CI&T.
Em Hong Kong, por fim, o grupo conheceu o Cyberport, um parque de negócios e inovação do governo chinês. Segundo Zanuto, o estado paga salário para estagiários de ciência de dados trabalharem nas startups incubadas para que essas empresas criem novas soluções para o país. “De oito unicórnios de Hong Kong, quatro saem dessa iniciativa”, diz.
Após a viagem, Renata Marques, da Whirlpool, admite que está refletindo ainda mais sobre o papel das startups entre as empresas e a sociedade. “Precisamos sensibilizar a iniciativa privada e o governo a incentivar a inovação no Brasil. Ir à China é como viajar ao futuro”, conclui.