Como liderar projetos de inovação em grandes e tradicionais indústrias no Brasil? Foi com este questionamento que Renato Improta, líder da consultoria Accenture no segmento chamado de indústria X.0, iniciou o debate “Transformação digital da indústria” no Cubo Itaú, maior hub de inovação e fomento ao empreendedorismo da América Latina, junto aos líderes das francesas Saint-Gobain e Grupo PSA.
“Liderança e diversidade não se limitam a vestir a equipe de forma diferente e deixar a empresa mais colorida. É colocar mentes de diferentes idades para trabalhar e pensar juntas assuntos modernos e importantes para o negócio”, afirma Improta.
Pesquisa divulgada pela Accenture aponta que os gestores (23%) são os principais limitadores da modernização nas empresas, segundo os clientes, seguidos pela baixa aceitação das mudanças pelo conselho e pelos donos do negócio (17%).
Adriana Rillo, vice-presidente de recursos humanos da Saint-Gobain, concorda que existe resistência à transformação na indústria e reforça que ela é ainda maior no segmento de construção, um dos mais tradicionais. “Nossos pilares para inovação estão calcados na proximidade com o cliente, na transformação digital e na simplificação e agilidade nos processos de decisão”, pontua Adriana.
Dona de marcas como Telhanorte e Quartzolit, a multinacional colocou entre seus desafios reduzir o impacto da emissão de gases na construção, reaproveitar de matéria-prima de obras e modernizar as relações de trabalho e comunicação com os clientes.
“Para trazermos a inovação para dentro da empresa, abrimos as portas para que empreendedores de fora tragam o que há de novo para nós. Fomos a primeira empresa a participar do Cubo Itaú como mantenedora”, recorda a vice-presidente de RH.
Além da parceria com o Cubo Itaú, a Saint Gobain também possui projeto de inovação aberta, programa de mentoria de startups e fecha parcerias estratégias com jovens empresas de tecnologia. Não à toa, a francesa registra mais de 380 patentes por ano e possui oito centros de pesquisa no mundo.
Com a mesma sede por mudança, o grupo automotivo francês PSA, donos das marcas Peugeot e Citroën, possui estratégias digitais diferentes para cada país em que opera. No Brasil, o foco está no cliente, na eficiência e na rentabilidade e em times ágeis e cada vez mais colaborativos.
Liderada por Fabrício Biondo, vice-presidente de comunicação, relações externas e digital da empresa, a transformação digital do grupo automotivo no país também está sendo realizada por meio de parcerias com hubs e centros de inovação, entre eles o Cubo Itaú.
“Em 2018, enviamos 120 colaboradores nossos para treinamento no Cubo Itaú. Eles voltaram cheio de ideias na cabeça e querendo mudanças imediatas. Eu só pondero que cada empresa em seu tempo de transformação. E nós precisamos respeitar isso”, destaca Biondo.
De acordo com o executivo, que atua há duas décadas no setor automotivo, o Grupo PSA também acelera seu processo de inovação no mundo por meio de duas incubadoras, uma na Argentina e outra na França, e um laboratório de realidade virtual na cidade de Porto Real, no Rio de Janeiro — onde os carros podem ser testados virtualmente em um software semelhante a um game.
Mas para o processo de transformação ser completo, Biondo afirma que não só o grupo, como os fornecedores também têm de se modernizar. “Se eles não avançarem, não atualizamos. Hoje, o fornecedor conhece o cliente desde a pré-concepção de um produto, até a finalização do projeto”, frisa.
O desafio de transformação digital do grupo é especialmente maior com as expectativas em torno do acordo entre Mercosul e União Europeia, e que dará às montadoras do velho continente ainda mais acesso ao mercado consumidor da América Latina.
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