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Culpa do Insta? Redes sociais são as maiores “vilãs” da vida financeira, dizem endividados

Redes sociais finanças
Questionadas sobre quem mais estimula um "mau comportamento" nas finanças, 23% das pessoas com alguma dívida apontam as redes sociais. (Foto: Vandré Kramer com DALL-E3)

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As redes sociais se tornaram a principal "má influência" para a vida financeira, ultrapassando programas de TV e amigos, segundo brasileiros endividados.Questionadas sobre quem mais estimula um "mau comportamento" nas finanças, 23% das pessoas com alguma dívida apontam as redes, segundo a pesquisa quantitativa “Raio X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, realizada pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia, que atua no segmento de cobrança.Na sequência, aparecem programas de TV, citados como principal má influência por 13% dos endividados, amigos (11%) e o cônjuge (10%).

Na pesquisa do ano passado, as redes sociais apareciam apenas na terceira posição, citadas por 16%, atrás de programas de TV (então com 21%) e amigos (17%).

Entre os fatores que podem explicar o protagonismo das redes estão o estímulo ao consumo, via publicidade, e a tentativa de se equiparar a outros usuários, afirma o diretor de inovação e marketing da MFM, Luiz Ojima Sakuda.

A lógica predominante nas redes, observa ele, é postar o que há de melhor na vida: "Dá a impressão que os outros estão fazendo e acontecendo. Isto acaba criando maior ansiedade sobre as pessoas, que, muitas vezes, já estão com a situação financeira comprometida".

Outro comportamento moderno que, em sua avaliação, pode ajudar a desestruturar as finanças domésticas é a difusão das plataformas de apostas on-line. “É uma fonte de preocupação que está emergindo.”

As redes curiosamente, curiosamente, também aparecem em destaque entre as boas influências para a vida financeira, citadas por 17% dos endividados, atrás apenas de marido ou esposa (27%).

A pesquisa foi feita on-line e consultou 983 pessoas entre 11 e 22 de setembro, das quais 251 são inadimplentes, 450 têm dívidas em dia e 282 não têm dívidas. A margem de erro é de 3,1 pontos porcentuais.Entre os inadimplentes – os endividados que têm débitos em atraso –, 36% dizem que o motivo foi a falta de planejamento, 34% citam a perda do emprego e 30%, um gasto não previsto com saúde.As dívidas mais citadas pelos inadimplentes são com cartão de crédito (60%) e empréstimos de bancos ou financeiras (43%).

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Levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que, em janeiro de 2020, antes da pandemia, 65,3% das famílias tinham dívidas a vencer. Três anos depois, esse percentual subiu para 78% e em novembro caiu para 76,6%.

O número de famílias inadimplentes também caiu em novembro, relativamente ao mesmo período de 2023.“O percentual alcançou 29%, representando o menor patamar desde junho de 2022. O número de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores recuou para 12,5%, mas continua superior ao nível de novembro do ano passado”, diz Felipe Tavares, economista-chefe da entidade empresarial.Dois fatores podem ter ajudado na redução do endividamento: o lançamento do programa Desenrola, de renegociação de dívidas, em agosto e a melhoria das condições de emprego e renda. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o desemprego caiu de 8,3% para 7,6% entre outubro de 2022 e de 2023 e o rendimento médio real (já descontada a inflação) mensal efetivamente recebido teve um incremento de 3,9%, passando de R$ 2.900 para R$ 3.015.

Os impactos do endividamento na vida pessoal

A situação mais delicada no bolso tem implicações na vida pessoal dos inadimplentes. Segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva e da MFM Tecnologia, 98% das pessoas dizem que estar endividado afeta negativamente pelo menos um aspecto da vida.

Os maiores impactos estão no estado emocional (citada por 92% dos envidividados), na felicidade e na autoestima (88%), na vida familiar e no sono (86%). O impacto na vida profissional também é grande: o porcentual de citações passou de 79% em 2022 para 84% neste ano.

Segundo a Serasa, o número de inadimplentes no Brasil passou de 63,8 milhões em janeiro de 2020, antes da pandemia, para 72 milhões em outubro de 2023 – o equivalente a 43,9% da população adulta. O total de dívidas negativadas chega a R$ 376,8 bilhões.

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