Os campos de girassol, que já renderam inspiração suficiente ao pintor holandês Vincent van Gogh, inspiram agora a produção da agricultura familiar do Sudoeste paranaense. Coordenados por um grupo de cooperativas, 450 famílias de 30 municípios devem plantar ainda este mês 600 hectares de girassol. Eles estão de olho em duas tendências: o mercado crescente para o óleo de girassol comestível e a alternativa de se utilizar o óleo resultante do esmagamento das sementes na composição do biodiesel.
Desde 2004 as refinarias e distribuidoras de combustível podem adicionar 2% de biodiesel ao diesel comum, o que será obrigatório a partir de 2008. Para isso, será necessária a produção de mais 800 milhões de litros um verdadeiro filão para os produtores de girassol, que já cobrem 6 mil hectares no estado de verde e amarelo.
O projeto do Sudoeste nasceu após uma visita do assessor do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo Campos, às lideranças agrárias da região, para expor o funcionamento da lei federal que concede redução de PIS/Pasep e Cofins a fabricantes de combustível que compram matéria-prima de agricultores familiares. Para aproveitar o benefício da lei, as três cooperativas agrícolas organizadoras já encontraram a primeira parceira: o braço brasileiro da empresa suíça Gebana, que fomenta o comércio justo e a agricultura orgânica e está instalada na cidade de Capanema.
O sócio-proprietário, César Colussi, aposta na iniciativa, apesar de ainda não conhecer perfeitamente o mercado do óleo de girassol. "O destino [da produção] vamos ver depois", diz. Mas José Carlos Farias, diretor da cooperativa de comercialização Coopafi, já sabe o volume da matéria prima: serão colhidas 900 toneladas de oleaginosas, que resultarão em 378 mil litros de óleo vegetal e 522 toneladas de farelo.
A mudança do sistema de cultivo com pesticidas para o orgânico, além da questão sócio-ambiental, obedece a regras de mercado. "A produção convencional limita as vendas ao mercado tradicional, que variam de acordo com o sobe e desce dos preços", explica Farias. Como o grão de girassol resulta em 58% de farelo, usado para fazer ração animal, a plantação orgânica também garante alimentação saudável à criação das propriedades familiares. "O cultivo orgânico cai bem à agricultura familiar e não polui o meio ambiente", explica Olivo Dambrós, agrônomo de uma das cooperativas que investem no projeto.
A pesquisadora da Embrapa Soja, Regina Campos Leite, explica que o plantio do girassol vem sendo fomentado entre agricultores familiares. "Como o teor de óleo é o dobro do encontrado no grão de soja, é possível ao agricultor extraí-lo usando uma prensa mecânica pequena", diz. A prensagem pode ser feita a 45 graus, ao passo em que para se extrair o óleo da soja e do milho a temperatura ultrapassa os 600 graus.
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