O sotaque "leite quente" caminha, aos poucos, para conquistar o mundo. Em um ranking com 65 cidades de países emergentes com maior influência no mercado global, Curitiba aparece na 49.º posição. O levantamento, feito pela operadora de cartões Mastercard e divulgado ontem, é dominado pela China, que tem 15 centros comerciais de relevância mundial. Do Brasil são outras quatro cidades, todas na frente de Curitiba. Mas a capital paranaense conquistou um feito não compartilhado por outras de porte semelhante, como Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife.
O Índice Mastercard de Mercados Emergentes 2008 foi criado com a intenção de avaliar e comparar o desempenho das cidades em diferentes funções que interligam os mercados e o comércio no mundo inteiro. Foram considerados oito tópicos, subdivididos em cerca de cem indicadores. Curitiba teve melhor desempenho no tópico de segurança, que leva em conta segurança pessoal, liberdades civis dos indivíduos, ocorrência de desastres naturais e ambiente social. Neste aspecto, a cidade ocupa a quarta posição, dentre todas as 65.
Em termos de crescimento e desenvolvimento econômico, que leva em conta investimentos estrangeiros, Produto Interno Bruto (PIB) e população, Curitiba ficou em 23º lugar, na frente apenas de Brasília, dentre as brasileiras. As 15 primeiras cidades desse grupo são da China, reflexo do grande número de habitantes e a importância da economia chinesa no resto do mundo. No tópico educação e tecnologia da informação, a capital paranaense também ocupa posição intermediária, com o 34º lugar, à frente de Brasília e Recife. A qualidade de vida urbana de Curitiba garantiu o 17º lugar mundial, o que a deixou atrás de Brasília (6º), São Paulo (15º) e Rio de Janeiro (16º).
Curitiba não aparece muito bem em relação à rede de serviços financeiros (45º lugar) e também em termos de conectividade comercial (penúltimo na lista de 65). Essa categoria considera volume de passageiros e carga transportados por ar, presença de consulados e embaixadas internacionais, e infra-estrutura de hotéis e centros de convenções.
Decisões
De acordo com o líder em planejamento e inteligência de mercados da Mastercard, Carlos José Fonseca, o índice pode ajudar empresas, governos e até cidadãos a tomarem decisões de negócios e investimentos, ao mostrar os riscos e vantagens das cidades mais importantes nos mercados em desenvolvimento. "Na América Latina há um crescimento sustentado da classe média. Acreditamos que isso vai continuar. Apenas 15% a 20% das transações financeiras nessa região são feitas com cartão de crédito, e só 30% da população usa o sistema bancário. Ainda há um grande potencial de crescimento", avalia.
"É real que alguns dos investimentos serão afetados pela crise, mas não todos eles", avalia o especialista em desenvolvimento urbano do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Eduardo Rojas, que participou da divulgação do estudo. Ele ressaltou a importância da economia latino-americana, apesar da predominância asiática no ranking da Mastercard. A Europa foi representada por 11 cidades das quais Budapeste, na Hungria, é destaque.