
Avaliação
Fatia de renda comprometida ainda é "saudável"
O nível de comprometimento médio da renda mensal das famílias brasileiras com dívidas, que ficou em 29% de janeiro a maio deste ano, pode ser considerado um índice saudável, avalia o economista da Fecomercio-SP Altamiro Carvalho. "Um número acima de 50% apontaria algum risco. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média fica entre 70% e 80%", afirmou.
Esse fator, avalia Carvalho, aliado ao sistema de proteção adotado pelos bancos na concessão do crédito e às taxas de juros cobradas, faz com que o sistema financeiro, na avaliação da Fecomercio-SP, torne-se "praticamente imune" a uma eventual elevação da inadimplência.
Curitiba tem o maior porcentual de famílias endividadas entre todas as capitais brasileiras: na cidade, 88% das famílias têm algum tipo de dívida, contra 62% na média de todas as capitais. O valor da dívida média mensal é de R$ 1.608, o que indica que 27% da renda familiar é destinada ao pagamento de parcelas de empréstimos ou financiamentos menos que a média nacional, onde o comprometimento médio de renda chega a 29%.
Porto Alegre é a capital em que foi constatado o maior valor de endividamento médio mensal, com R$ 2.145, correspondente a um comprometimento de 30% da renda das famílias. A capital onde as famílias destinam a maior parcela da renda mensal ao pagamento de dívidas é Natal. Lá, 39% do orçamento, o equivalente a R$ 1.531, é destinado ao pagamento das dívidas.
Estas são algumas das constatações do estudo "Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras", feito pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP). De acordo com o economista da entidade Altamiro Carvalho, embora de forma geral as famílias brasileiras tenham um perfil conservador em termos de endividamento, algumas capitais apresentaram um grau de endividamento muito acima da média.
"Temos alguns sinais de alerta. Em Curitiba, por exemplo, o aumento real da dívida das famílias, de janeiro a maio do ano passado para o mesmo período deste ano, foi de 59%. Em Natal, o aumento foi de 39%, contra uma média de 24% entre todas as capitais. Em Porto Alegre, a dívida média mensal das famílias foi de R$ 2.145, contra uma média nacional de R$ 1.527", afirmou. "Pode ser algo pontual, passageiro, mas também pode ser algo crônico."
Na avaliação de Carvalho, nessas três capitais, qualquer problema que ocorra em termos de renda e emprego pode ser preocupante. "Mas, de forma geral, as famílias brasileiras mostram, em média, um cuidado na administração de crédito, tomando as medidas necessárias para manter o orçamento, o que afasta as teorias catastrofistas de um subprime da inadimplência", afirmou. "Isso só ocorreria se houvesse algo muito grave que viesse a comprometer a renda e o emprego, o que não é o caso até o momento."
De acordo com a Fecomercio-SP, o total mensal estimado da dívida das famílias nas capitais passou de R$ 10,9 bilhões de janeiro a maio de 2010 para R$ 13,5 bilhões neste ano. O valor médio mensal de dívida por família passou de R$ 1.298 de janeiro a maio de 2010 para R$ 1.527 no mesmo período deste ano, considerando a inflação no período. Considerando a taxa média de juros nos empréstimos, de 43% ao ano, é possível afirmar que, desses R$ 13,5 bilhões em dívidas, R$ 5,8 bilhões correspondem exclusivamente aos juros.
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