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Laércio Jacomeli de Oliveira, da Cherry Moda Íntima, espera que o projeto possibilite uma redução de até 20% nos custos fixos da empresa. | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Laércio Jacomeli de Oliveira, da Cherry Moda Íntima, espera que o projeto possibilite uma redução de até 20% nos custos fixos da empresa.| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Segmento é "amortecedorsocial"

Ainda que o número de empresas de vestuário e confecções em Curitiba e região metropolitana seja pequeno – cerca de 400, segundo o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Curitiba e Região (Sindivest) –, e que a maioria seja de micro e pequeno porte, o setor ganha importância pelo papel de "amortecedor social" que exerce na economia local, diz o presidente do Sindivest, Ardisson Naim Akel. "Nós empregamos majoritariamente mulheres, com pouca experiência. Temos um papel social muito importante, porque geramos uma renda adicional à família. Muitas delas até mesmo seguram a renda familiar." Por causa disso, mesmo que a indústria de confecções não faça frente a outros setores da economia em Curitiba, tanto em número de empregos quanto em faturamento, Akel conclui que o setor poderia receber mais apoio governamental e, por isso, apoia a criação do polo têxtil na região. (EHC)

É para fazer frente aos grandes polos têxteis de outras regiões do país que um grupo de empresas de confecção de Curitiba e região metropolitana se reuniu para criar um condomínio industrial do setor, a ser instalado numa cidade da região metropolitana até dezembro. Outro objetivo do projeto, que deve formar um polo têxtil na capital paranaense, é aumentar a competitividade da indústria de confecções da região, que hoje sofre com altos custos de produção e de mão-de-obra.

"As indústrias dos grandes centros estão em desvantagem em relação ao interior", explica o empresário Junior Gabardo, um dos participantes do Grupo de Moda de Curitiba, responsável por articular o projeto. "Numa cidade como Curitiba não há interesse em investir num único setor; a economia é mais complexa. O resultado é que as indústrias de confecção se tornam menos competitivas, sem mão-de-obra qualificada e sem estrutura."

O projeto do polo têxtil viria ao encontro das necessidades dos empresários locais: a ideia é construir um complexo numa área de aproximadamente 100 mil metros quadrados em algum município próximo a Curitiba. O local reuniria cerca de 40 empresas e fornecedores. "Há uma terceirização muito forte no setor. Por isso, planejamos a existência de áreas para pequenos prestadores de serviço, como designers e transportadoras."

O condomínio também teria infraestrutura para realizar o treinamento de mão-de-obra especializada e contaria com um restaurante comunitário e uma creche. As empresas lá instaladas não pagariam aluguel, e ainda deverão ter o apoio da prefeitura local, que poderá conceder benefícios para atrair o polo.

Redução de custos

Quem já está na lista das 40 empresas interessadas em se mudar para o condomínio industrial – ainda sem endereço, já que as primeiras conversações com as prefeituras foram feitas no início do mês – se anima com as facilidades que o projeto irá proporcionar. "Isso vai reduzir meus custos fixos em uns 20%, com certeza. Daí para mais", diz o empresário Laércio Jacomeli de Oliveira, proprietário da indústria Cherry Moda Íntima, instalada no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba.

A possibilidade de barganhar preços em grupo, de estar em um polo que pode servir de referência para os compradores e de poupar gastos com alimentação e auxílio-creche são alguns dos aspectos que, para Oliveira, podem baixar os custos fixos. "Tudo isso é agregado ao valor final do produto. E você tem mais chances de vender quando vende mais barato. O mercado todo quer preço."

O maior custo fixo do empresário é com mão-de-obra – especialmente com treinamento, uma vez que são poucas as jovens que têm habilidade com as máquinas de costura hoje em dia. "Ninguém quer ser costureira. As meninas da cidade querem ser secretárias, trabalhar em um escritório, em shoppings ou em frente ao computador. No interior, as pessoas topam costurar porque não há tanto campo de trabalho, e também trabalham por menos", comenta. "A possibilidade de ter mão-de-obra treinada com o polo é excelente."

O projeto final do polo têxtil curitibano está sendo desenvolvido com o auxílio do Sebrae/PR. Também apoiam o projeto a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) e o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Curitiba e Região (Sindivest). Dentro de dois meses, o projeto estará concluído. A partir daí, será mais um mês para a escolha do município sede.

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