Diferença dos salários em setores| Foto:

Marketing tem grande disparidade

Um dos setores que mais apresentou disparidade entre os salários praticados em Curitiba e em São Paulo foi o de marketing, principalmente voltado à alta gestão das empresas. Para especialistas, a dispersão seria motivada pelo fato de o mercado paulistano estar mais maduro e ter um número maior de empresas abertas a estes cargos. A competição entre as empresas pelos melhores profissionais também seria um dos fatores responsáveis pelos salários maiores.

Dois cargos que apresentam diferenças significativas entre a remuneração das duas cidades são os de diretoria em grandes empresas de tecnologia (com os salários paulistanos 41,7% maiores) e em grandes organizações de bens de consumo (63% maiores).

Para Luis Felipe Granato, gerente regional da Michael Page em Curitiba, o setor de marketing é muito concentrado em São Paulo e as empresas sediadas na cidade muitas vezes têm um apelo nacional, o que exige profissionais que tenham a capacidade de assumir operações maiores, explica.

Enxergando um movimento semelhante, o diretor de Recur­sos Humanos da Ferrero, Gio­vanni Sgavicchia, diz que uma das políticas da empresa é oferecer para estes profissionais salários compatíveis com a realidade das empresas nacionais – o que representa basicamente o que é pago em São Paulo.

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Os salários pagos a executivos em Curitiba continuam menores quando comparados aos valores aplicados em São Paulo – quando se considera a remuneração média, o holerite na capital paranaense vem 15% menor que na metrópole paulista. No entanto, em determinados setores de atuação, as empresas curitibanas já estão oferecendo valores próximos ou até iguais aos de São Paulo, que ainda lidera o ranking nacional de remuneração, se­­gun­­do um levantamento feito pela consultoria Michael Page.

O estudo comparou médias salariais entre determinadas regiões brasileiras, e, em geral, revela que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro mantêm as remunerações mais altas, com destaque ainda maior às empresas paulistanas. Mas a pesquisa também mostra que as diferenças salariais variam muito de acordo com o setor de atuação e também com o porte de cada companhia – dependendo da posição desejada pelo executivo, ele pode ganhar tão bem em empresas curitibanas quanto em organizações do eixo Rio-São Paulo.

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Uma das possíveis explicações para a diferença na média geral seria o fato de muitas empresas manterem seu corpo diretivo em São Paulo. "Assim, grande parte das decisões – e, consequentemente, dos maiores cargos e maiores salários – continua em São Paulo", resume Karina Pinho, gerente regional da Michael Page. "Podemos dizer que, em São Paulo e no Rio, existem mais posições de destaque e remuneração maior em comparação com as outras regiões. No entanto, há cargos em Curitiba, por exemplo, que já estão se equiparando a essas cidades na questão salarial", continua.

São casos como o da função de diretor administrativo financeiro em grandes empresas, que hoje apresenta uma variação de apenas 2,7% entre o que é pago em São Paulo (R$ 37,5 mil) e em Curitiba (R$ 36,5 mil). Para diretores de tecnologia em pequenas e médias empresas, a diferença chega a zero. No entanto, o mesmo cargo, no mesmo setor, mas em empresas de porte maior, apresenta uma diferença marcante, já que os paulistanos recebem em média 21,1% mais que os curitibanos.

Mesmo assim, não é difícil encontrar profissionais que acabaram saindo do Sudeste e apostando na capital paranaense. "Depende muito do perfil do executivo. Aqueles que já acumulam um tempo de carreira e se identificam com o perfil conhecido da cidade gostam da ideia de se mudar para Curitiba", diz Karina.

Qualidade de vida ainda é chamariz para profissionais

Se a distância dos grandes centros econômicos do país pode ser um fator que afasta profissionais de Curitiba (apesar de São Paulo estar a apenas 45 mi­­n­utos de avião), a oferta de uma melhor qualidade de vida e oportunidades diferenciadas de trabalho continua estimulando a vinda de executivos para a cidade. Foi o que aconteceu com Alexandre Fascina, diretor financeiro da STK Sistemas. Com 21 anos de carreira, ele trocou São Paulo pela capital paranaense em maio deste ano, influenciado pela possibilidade de manter um bom emprego mesmo morando em uma cidade mais calma. "Quase seis meses depois, ainda me sinto seguro quanto à expectativa que tinha de Curitiba", afirma Fascina.

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Outro ponto que fez a diferença foi o custo de vida. De acordo com o executivo, o dia a dia em Curitiba ainda é muito mais econômico quando comparado ao da capital paulista. "Com alimentação e educação, por exemplo, percebo uma grande variação dos preços. Junto a isso, a possibilidade de economizar duas horas de trânsito por dia acaba fazendo a diferença para mim", lembra.

Perspectivas

A impressão de que a cidade oferece uma rotina mais "humana" também é vista como grande fator de atração de pessoas pelo diretor de Recursos Humanos da Ferrero, Giovanni Sgavicchia, que tem sua unidade administrativa em Curitiba. No entanto, ele acredita que este argumento deve andar aliado a aspectos profissionais. "A cidade precisa oferecer boas perspectivas de carreira, que mostrem aos candidatos que eles podem crescer aqui", afirma Sgavicchia.

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