A internet deve ser usada com moderação ou sem limites? Para responder a esta questão, nada melhor do que chamar twitteiros, blogueiros e outros especialistas da tecnologia para um bate-papo. Foi o que ocorreu neste sábado (22), no evento Curitiba Social Media. A conclusão é de que a coisa não é assim, tão preto no branco. Há muitos tons de cinza entre o uso irrestrito e a proibição absoluta da internet.
O debate é importante. Vale para pais, que precisam estabelecer limites para o uso de seus celulares pelos filhos; para empresas, na hora de liberar - ou não - o uso de Facebook no trabalho; e até para as pessoas com elas mesmas. Afinal de contas, sair com os amigos e ficar teclando no WhatsApp é ou não falta de educação?
“Eu odeio lugares em que há aquela plaquinha dizendo ‘conversem entre si, saia do WhatsApp’”, brincou o médico e twitteiro Marcelo Arantes, mais conhecido como Dr. Marcelo. Ele é contra esta ideia de que na internet não há pessoas, e dá como exemplo o snapchat. O aplicativo mistura mensagem e rede social (você envia fotos e vídeos para os seus amigos ou seguidores), e todos os dias Marcelo gosta de checar os “snaps” de seus amigos, ver o que eles fizeram nas últimas 24 horas.
Criador do blog de tecnologia Manual do Usuário, Rodrigo Ghedin não é tão entusiasta das redes sociais. Ele empresta o exemplo dos robôs, usado por Sherry Turkle, em seu livro “Alone Together” (”Solitários em companhia”, em uma tradução livre). Se por um lado, hoje as pessoas se afeiçoam a pequenos robôs (que respondem a comandos a partir de um algorítimo) como se fossem seres vivos, por outro elas bloqueiam no Facebook todos aqueles que discordam dela. “Aí você entra em uma bolha, só que a rejeição é algo que faz parte do ser humano”.
Ghedin é adepto da filosofia do “Slow Web”, algo como consumir menor informação, porém com maior qualidade. “Você tem um monte de blog de tecnologia que sai um aparelho novo e fala sobre as especificações. Mas para que este aparelho vai servir? Qual o seu uso?”.
Internet das coisas
O uso indiscriminado da tecnologia é um debate especialmente importante na era da “internet das coisas”, explica o jornalista da Gazeta do Povo Rafael Waltrick, mediador da palestra no Curitiba Social Media. É a noção de que todos os objetos do dia-a-dia estão interconectados. Não só computador, celular, tablet, mas também televisão, pulseira, carro, som. Ou seja, tudo passa pelo meio digital.
“E o Curitiba Social Media é o melhor lugar para fazer o debate, porque quem está aqui é uma galera jovem, que está sempre conectada”, avalia Waltrick. O engenheiro da Copel Telecom Julio Martins conta que esta é uma das preocupações que guia os trabalhos da empresa, que produz um conteúdo focado no chamado “heavy user”, aquele usuário que utiliza a usa muito a internet e para coisas “pesadas”, como enviar vídeos e jogos online.
Distúrbios
Usar a internet demais é sinal de doença? A bola foi levantada pelo jornalista Rafael Waltrick, que comentou sobre a existência de clínicas de reabilitação para viciados em jogos em países como China, que ficaram famosos com a divulgação de documentários sobre o tema.
Twitteiro “full time” e médico psiquiatra nas 72 horas vagas de sua semana, Marcelo Arantes defende que não. Brincadeiras à parte, Arantes trabalha com psiquiatria e conta que já recebeu pacientes em estado grave, destes que ficam o dia inteiro no quarto e deixam de comer, dormir e tomar banho para jogar online.
“Mas se for ver é um cara que já tinha uma fobia social, uma baixa auto-estima, e que muitas vezes encontrou na internet um espaço”, explica. Nestes casos, ele defende tratar “esta fobia de base que está por trás”. O uso indiscriminado da internet não é o problema em si, mas a forma como uma doença, distúrbio ou angústia se manifesta.
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